Inversão de valores no investimento em infraestrutura

Data: 01/12/2009

Inversão de valores no investimento em infraestrutura


Faltando pouco menos de uma semana para a 15ª Conferência das Partes da Convenção do Clima (COP-15) e após as notícias de que o Brasil poderá gastar até 3,6 trilhões de reais até 2050 por causa do aquecimento global. Uma temática deveria ganhar destaque entre tantos números e discussões sobre a questão climática: investimento em infraestrutura, em especial em saneamento.
Existe uma relação muito aproximada entre a questão climática e a infraestrutura. Essa sinergia circunscreve diversas seções sociais e, também, ambientais. Fomentar políticas públicas e realizar investimentos efetivos em infraestrura é ir além da geração de emprego. O que está em jogo nos investimentos reais no setor é a qualidade de vida das pessoas. Algo mais conhecimento como bem-estar.
Que o Brasil carece de políticas públicas, fiscalização e investimentos mais efetivos (sem corrupção) em infraestrutura não é nenhuma novidade. Segundo estudo da Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), o país necessita investir cerca de R$ 160,9 bi ao ano neste setor, para que assim possa garantir um crescimento econômico consistente. Em 2008 foram investidos R$ 106,8 bi em atividades correlacionadas à infraesturura no país.
Investimentos
Segundo a Abdib, o setor de energia elétrica necessitará de um R$28,3 bilhões por ano; transporte e logística, R$ 24,1 bilhões; saneamento, R$ 13,5 bilhões; e telecomunicações, R$ 19,7 bilhões. O setor de petróleo e gás exigirá recursos de R$75,3 bilhões por ano. O que há de interessante nestes valores? As suas projeções. Os cálculos estão baseados no Plano Decenal de Energia Elétrica (2008-2017), no Plano Nacional de Transporte e Logística (2008-2023), Plano de Negócios da Petrobrás (2009-2013) e no Estudo de Universalização dos Serviços de Abastecimento de Água e de Coleta de Esgoto no Brasil (2003).
Analisando estes números é possível observar que os dados do setor de água e saneamento brasileiro são do ano de 2003. Quanto mais velhos os dados utilizados nos estudos de viabilidade econômica e de investimento, menor será a aplicação dos recursos públicos no setor.
Não há por parte do governo um grande investimento, em comparação aos das grandes empresas, nas pequenas e médias empresas, no mercado popular. Enfim, em setores que poderiam gerar empregos verdes e garantir, de uma determinada maneira, uma melhor qualidade de vida para a sociedade.
Um dos setores que possui uma grande relação com as questões climáticas é o do saneamento. A melhoria e expansão das redes de coleta de água e esgoto, além de uma política de educação focada na gestão da água e no seu melhor uso, são o caminho para que o Brasil possa atingir um desenvolvimento econômico e social justo no futuro. Portanto, necessitamos mudar o discurso focado apenas no tratamento de esgoto e no reuso da água; necessitamos apontar para a formação das pessoas, para a importância da gestão da água dentro de casa, na escola, no trabalho…
Mau Exemplo
De acordo com a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotivos (Fenabrave), em junho deste ano foram vendidos 300,2 mil veículos, um volume 17% maior do que o registrado em junho de 2008. Este é o novo recorde mensal do setor. Para 2009, a Federação prevê 2,78 milhões de unidades, 4,2% mais do que o total vendido no ano passado, que até agora é o recorde.

Efraim Neto do Mercado ético


< voltar