País tem perspectiva de matriz mais suja nos próximos anos
As projeções apresentadas pelo governo federal para reduzir as emissões de carbono indicam que a matriz energética brasileira ficará menos limpa nos próximo anos, segundo a organização não governamental (ONG) WWF. Parece que o governo está prevendo sujar a nossa matriz e aumentar o nosso consumo de combustíveis fósseis, só isso justificaria o aumento das emissões, afirmou o coordenador do Programa de Mudanças Climáticas e Energia da ONG, Carlos Rittl.
Segundo Rittl, as projeções para as metas de redução de até 38,9% das emissões de carbono até 2020 apontam para o aumento da participação de fontes poluentes na geração de energia. Ele ressalta que de acordo com os números apresentados, pelo governo a gente estaria praticamente dobrando as emissões do setor de energia de 2007 a 2020.
Na avaliação do assessor da Secretaria de Meio Ambiente de São Paulo, Oswaldo Lucon, o Brasil está pondo em prática um modelo chinês de desenvolvimento. Um modelo de desenvolvimento sujo, com viés de grande aumento das emissões de carbono, ressaltou em entrevista à Agência Brasil.
Para contornar esse cenário, Lucon acredita que é necessário utilizar melhor a energia disponível, em vez de buscar um aumento rápido da quantidade gerada. Ações de eficiência energética são muito pouco discutidas. A gente fala muito em gerar mais energia, mas não fala em economizar energia.
Como exemplo, ele cita a opção brasileira pelo transporte viário. A gente não fala em transporte coletivo. Transporte coletivo é eficiência, ferrovia é eficiência. Hidrovia é eficiência. A gente não discute isso, só faz estrada, concluiu.
O pesquisador do Centro Nacional de Referência em Biomassa, José Roberto Moreira, destacou a importância de se dar vantagens competitivas a produção que aproveitar melhor a energia. Ele apontou como exemplo a prorrogação da desoneração para os carros menos poluentes, anunciada na última semana pelo governo federal.
Moreira ressaltou, no entanto, que o governo deve procurar obter eficiência de toda a cadeia de produção, principalmente dos setores que mais consomem energia.
(Agência Brasil)
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