Pesquisa realizada pelo Instituto Akatu em conjunto com o PNUMA mostra avanços na percepção dos jovens sobre a sustentabilidade

Data: 27/11/2009

Pesquisa realizada pelo Instituto Akatu em conjunto com o PNUMA mostra avanços na percepção dos jovens sobre a sustentabilidade


O Instituto Akatu pelo Consumo Consciente apresentou hoje, 26, os resultados da pesquisa “Estilos Sustentáveis de Vida – Resultados de uma pesquisa com jovens brasileiros”. Aplicada no Brasil pelo Instituto Akatu em parceria com a Ipsos Public Affairs, a pesquisa teve por objetivo mapear a maneira como os jovens percebem, imaginam e compartilham as práticas sustentáveis e buscou ainda identificar como incorporar práticas sustentáveis ao estilo de vida deste público. A pesquisa faz parte de um mapeamento mundial, denominado Global Survey on Sustainable Lifestyles, coordenado pelo PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) por meio de seu escritório central em Paris (UNEP – United Nations Environment Programme).

O material foi desenvolvido no contexto do Processo de Marrakesh, que engloba um esforço intergovernamental global, coordenado pelo PNUMA / UNEP para articular iniciativas locais e regionais de promoção da produção e do consumo sustentáveis. O Processo de Marrakesh é liderado pela ONU por meio da Divisão de Desenvolvimento Sustentável (UNDESA), organismo ligado à UNEP.

A UNEP escolheu uma entidade parceira em cada um dos países em que o estudo foi desenvolvido. Esta entidade foi responsável pela aplicação local dos questionários definidos de forma única para a pesquisa global. No Brasil, o Instituto Akatu foi convidado a liderar o estudo, cujo campo foi realizado em abril de 2009. Ao todo, foram entrevistados mil jovens de 18 a 35 anos, nas nove principais regiões metropolitanas do país e no Distrito Federal, de tal forma a ter uma amostra representativa da população global. Com isso, os resultados são aplicáveis a toda a população de jovens com uma pequena margem de erro estatístico.

“Quando mostramos ao jovem o que ele pode fazer no seu cotidiano, apontando os benefícios econômicos e os impactos na preservação ambiental daquelas ações, a probabilidade de ele mudar de comportamento é alta”, afirma Helio Mattar, diretor-presidente do Instituto Akatu.

Os principais resultados da pesquisa foram:

Prioridades

Temas políticos, sociais, econômicos, culturais e ambientais foram apresentados aos jovens, que deveriam indicar os mais importantes em sua opinião. Os resultados revelaram que os jovens dão prioridade à “combater o crime, reduzir conflitos” (32%), “reduzir e erradicar a pobreza, reduzir a diferença entre ricos e pobres” (27%), “melhorar condições econômicas” (18%) e “combater a degradação ambiental e a poluição” (11%).

Características

O perfil dos jovens entrevistados foi levantado na pesquisa, por meio da avaliação de algumas características: (a) o capital social (nível de influência e de protagonismo de um indivíduo em sua comunidade, cuja principal referência é o grau de participação e de envolvimento que um indivíduo tem nesta comunidade), (b) a consciência ambiental (nível de relevância que os jovens atribuem às preocupações ambientais) e (c) a Agenda 21 (nível de relevância que os jovens atribuem à Agenda 21, no sentido de considerarem importantes, ao mesmo tempo, as questões econômicas, sociais e ambientais).

Dentre os jovens de alto capital social (27% dos entrevistados), constatou-se que a questão ambiental não está entre suas principais prioridades, o que se alinha com os índices apurados na amostragem total.

Já os jovens de alta consciência ambiental (14 % da amostragem) manifestam interesse muito acima da média quanto à questão ambiental (27%), índice semelhante ao dos jovens que dão relevância à Agenda 21 (26%).

Mudanças climáticas

Considerados apenas os desafios sociais, os mais citados pelos jovens foram “reduzir a poluição (ar, água, solo)” (72%); “melhorar a saúde da população” (72%); “reduzir o desemprego’ (70%)”, “diminuir a diferença entre ricos e pobres” (61%), “reduzir o trabalho infantil” (61%) e “as mudanças climáticas” (61%). Este último item apresentou significativo aumento se comparado ao índice aferido em pesquisa semelhante, realizada pelo Instituto Akatu e pela UNESCO – UNEP em 2001, visto que, naquele ano, apenas 24% dos jovens disseram preocupar-se com as mudanças climáticas. Já a preocupação com a redução da poluição no ar, na água e no solo cresceu de 60% em 2001 para 72% este ano.

Em um recorte específico sobre as alterações climáticas, perguntou-se aos jovens se, de posse de mais informações sobre o tema, eles adotariam novos hábitos em suas vidas. O cenário aferido foi positivo, com 40% dos entrevistados afirmando que gostariam de ter mais informações e que acreditam que isto contribuiria para que adotassem práticas sustentáveis. Na opinião de 78% dos jovens, as pessoas em geral mudariam de comportamento se estivessem mais informadas sobre os danos ambientais causados pelas mudanças climáticas. Os jovens também concordaram com as afirmações de que “as pessoas deveriam ser mais conscientes sobre o meio ambiente” (45%) e que “as pessoas deveriam espalhar informações sobre este tema” (35%).

Casa, Alimentação e Transporte

O estudo propôs aos entrevistados a análise de alguns cenários relativos a comportamentos cotidianos nos temas ‘Casa’, ‘Alimentação’ e ‘Transporte’ para, em um primeiro momento, aferir o perfil de comportamento dos jovens quanto a estes temas e, em seguida, propor questões relacionadas à sustentabilidade para detectar o nível de compreensão dos jovens sobre as questões e de aceitação às soluções específicas propostas na pesquisa.

No quesito “Casa”, os jovens declararam que suas principais atividades diárias são “assistir a televisão” (69%), “fazer comida” (11%), “descansar e dormir” (11%), “usar o computador” (9%) e “ouvir música” (9%). Dentre as atividades das quais não gostam, a principal é o “trabalho doméstico” (26%), seguida de “emprego” (6%) e “ociosidade” (4%).

Em “Alimentação”, os resultados revelaram que 57% dos jovens fazem compras em “supermercados” e apenas 7% em “mercados locais”. Os critérios de escolha de produtos são, pela ordem: “preços e promoções” (48%), “produtos” (37%) e “características do estabelecimento” (7%).

Quanto a “Transporte”, os jovens andam mais de “ônibus” (64%), mas também de “carro” (19%), “a pé” (10%), de “bicicleta” (8%) e “moto” (7%). Não gostam do “transporte público” (35%) e do “trânsito” (17%).

A pesquisa também apresentou, para cada quesito da vida cotidiana, dois diferentes cenários, a saber:


Casa

Cenário 1: compostagem urbana

Cenário 2: lavanderias coletivas


Alimentação

Cenário 1: jardins urbanos

Cenário 2: embalagens de legumes e verduras

Transporte

Cenário 1: rede de bicicletas

Cenário 2: compartilhamento do carro


No quesito “Casa”, o cenário de “compostagem urbana”, como solução ao desperdício de lixo orgânico passível de ser implementada em áreas residenciais, foi aceito por 78% dos entrevistados. Já o cenário “lavanderias coletivas”, como solução ao desperdício de energia pelo uso de máquinas domésticas de lavar, obteve adesão de apenas 22% dos jovens.

Em “Alimentação”, o cenário “jardins urbanos”, como proposta alternativa ao cultivo de alimentos em grandes áreas de produção, longe do consumidor final, recebeu a adesão de 52% dos entrevistados, enquanto “embalagens de legumes e verduras”, proposta para que os supermercados comprem de produtores locais de maneira mais fácil e conveniente, teve a aceitação de 48% dos jovens.

Por fim, em “Transporte”, 53% dos entrevistados manifestaram adesão ao cenário “rede de bicicletas” como alternativa para o uso de bicicletas na cidade e 47% aceitariam o cenário “compartilhamento do carro” para reduzir a poluição gerada pelos veículos automotores.

Em quase todos os cenários, os jovens atribuem a liderança na tomada de decisões aos governos (“compostagem urbana” – 82%; “lavanderias coletivas” – 50%; “jardins urbanos” – 69%, “embalagens de legumes e verduras” – 63%; “rede de bicicletas” – 77%; e “compartilhamento do carro” – 64%), mas as empresas também são apontadas como agentes de transformação, ainda que em menor escala (“compostagem urbana” – 7%; “lavanderias coletivas” – 15%; “jardins urbanos” – 5%; “embalagens de legumes e verduras” – 14%; “rede de bicicletas” – 14%; e “compartilhamento do carro” – 24%).

Conclusões

Como conclusão da pesquisa é possível afirmar que, no geral, os jovens querem receber mais informações sobre sustentabilidade e estão propensos a adotar hábitos de vida mais sustentáveis. Certamente, não há resistência aos hábitos cotidianos propostos, mesmo quando estes são distantes das práticas atuais.

Além disso, houve avanço significativo na conscientização e na adoção de atitudes em prol da preservação ambiental, quando comparados os resultados desta pesquisa com os da realizada em 2001, especialmente em relação a mudanças climáticas.

Instituto Akatu pelo Consumo Consciente

Criado em 15 de março de 2001 (Dia Mundial do Consumidor) no âmbito do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, é uma organização não governamental sem fins lucrativos que mobiliza a sociedade para o consumo consciente. A palavra “Akatu” vem do tupi e significa, ao mesmo tempo, “semente boa” e “mundo melhor”, traduzindo a idéia de que o mundo melhor está contido nas ações de cada indivíduo. Para o Instituto Akatu, o ato de consumo deve ser um ato de cidadania, por meio do qual qualquer consumidor pode contribuir para um mundo melhor. O consumidor consciente busca o equilíbrio entre a sua satisfação pessoal, a preservação do meio ambiente e o bem-estar da sociedade, refletindo sobre o que consome e prestigiando empresas comprometidas com a responsabilidade social.


Sobre a Ipsos

A Ipsos é referência mundial em pesquisa de mercado e interpretação de dados que geram conhecimento estratégico para clientes e sociedade.

Criada em 1975 na França, e presente no Brasil desde 1997, a Ipsos consolidou-se como uma das maiores empresas de pesquisa do mundo, estruturando-se por meio de áreas especializadas, que contam com profissionais altamente qualificados em estudos de tendências e mercado. Eles atuam para entender e traduzir a percepção das pessoas, sociedade e dos mercados, com conteúdos que vão além da identificação dos dados, mas compreendem conhecimento e visões multidisciplinares, pensamento analítico e recomendações estratégicas.

Possui escritórios em 56 países e realiza pesquisas em mais de 100. Atualmente atende mais de 5.000 clientes no mundo e possui mais de 8.000 funcionários. No Brasil, com a aquisição da Alfacom, conta com quase 600 funcionários diretos, sendo a maior empresa de pesquisa ad hoc.



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