Acordo climático deve ficar para 2010, acredita APEC
EUA, China e demais países da Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico declaram que será difícil alcançar um tratado formal em Copenhague e endossam a idéia de que a COP 15 seja um palco para compromissos políticos e não legais
Quem acompanhou a última rodada de negociações do clima, que foi realizada em Barcelona duas semanas atrás, não ficou surpreso com a declaração deste domingo (15) do presidente norte-americano Barack Obama e de outros líderes mundiais de que não será possível fechar um acordo climático em dezembro em Copenhague.
Em Barcelona, o tom geral era de decepção e de que as diferenças continuavam grandes demais para conseguirem ser resolvidas durante a COP 15. Numa tentativa de minimizar a possibilidade de um fracasso total da conferência, o governo dinamarquês sugeriu que Copenhague fosse palco de um ato político, com os países assumindo compromissos, mas que um acordo legal só seria firmado em 2010.
É esse plano de adiamento que Obama e os países membros da Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico (APEC) endossaram ao final de um encontro em Cingapura, neste final de semana.
Oficiais presentes na reunião afirmaram que os políticos enxergam Copenhague como um ponto para angariar apoio e recursos para a causa climática e não como o fim das discussões sobre um acordo.
O conselheiro de segurança nacional dos Estados Unidos, Mike Froman, disse que a conclusão da APEC é de que seria irreal esperar o fechamento de um acordo mundial em Copenhague, que começa em apenas 22 dias.
Nós estamos ficando sem tempo para essa iniciativa, chegou a afirmar Obama.
A declaração final do encontro até apóia um acordo climático, porém sem fazer menção a datas. Ações globais para reduzir as emissões dos gases do efeito estufa serão necessárias, incluindo assistência financeira e transferência de tecnologia para nações pobres, detalha o documento.
Ainda é possível
Os países mais vulneráveis às mudanças climáticas ainda acreditam no acordo em Copenhague e, parar tentar salvar essa possibilidade, 40 ministros de meio ambiente estão na Dinamarca discutindo o que pode ser feito.
Nós acreditamos que um acordo legal ainda é possível, afirmou o ministro do meio ambiente de Granada, Michel Church, que fala em nome de mais das 40 nações que formam a Aliança de Pequenos Estados Insulares.
O embaixador do Sudão, Stanislaus Di-Aping, que representa o grupo de países em desenvolvimento chamado de G77 e mais a China também mantém a crença de que ainda este ano podemos ter um acordo climático. Nós não desistimos de acreditar que Copenhague pode terminar com um grande acordo assinado, declarou.
Brasil
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou transparecer nesta segunda (16) durante seu programa de rádio que também já espera que Copenhague não chegue a um acordo por completo. Lula mencionou que aguarda avanços pelo menos nos princípios básicos sobre a questão climática. Ou seja, aguarda que os países façam justamente o que Obama comentou: que se comprometam politicamente.
O Brasil vem assumindo posição de destaque no cenário mundial com relação às mudanças climáticas. Na semana passada o país anunciou que levará para Copenhague uma meta voluntária de corte das emissões de gases do efeito estufa entre 36% a 39% em relação às projeções futuras até 2020.
A maior parte da queda nas emissões será referente ao corte de 80% no desmatamento da Amazônia que, segundo a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, resultará em um corte de 20,9% das emissões brasileiras com relação a um cenário tendencial para daqui a 20 anos.
No sábado (14), o Brasil e a França uniram forças para pressionar os Estados Unidos e China para fazerem concessões em Copenhague. Os países estabeleceram uma proposta comum, que Lula chamou de Bíblia Climática, que pede o corte de 80% nas emissões em 2050 com relação ao nível de 1990.
Apesar de não apresentar maiores detalhes, a proposta conclui que "a luta contra a mudança climática é imperativa, mas deve ser compatível com um crescimento econômico duradouro e com a erradicação da pobreza.
Fonte; portal do meio ambiente
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