Educomunicação Ambiental

Data: 09/11/2009

Educomunicação Ambiental


"...o mundo caminha para a possibilidade de cada um comunicar o que deseja, do jeito que bem entender, e de se fazer ouvir por meio do nível de interesse que desperte, e pela competência de comunicar o que julga importante. Dentro da educomunicação, se abre a perspectiva concreta de qualificar essa comunicação, e da responsabilidade l pelo uso ético desta ferramenta..." (André Trigueiro).



O segundo entrevistado do ESPECIAL EDUCOMUNICAÇÃO AMBIENTAL, do BLOG CIDADÃOS DO MUNDO, é o jornalista ANDRÉ TRIGUEIRO. Além de comunicador, é pós-graduado em Gestão Ambiental pela COPPE/UFRJ e professor e criador do curso de Jornalismo Ambiental da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC/RJ). Atua como apresentador do Jornal das Dez, da Globo News, e como comentarista do programa Mundo Sustentável da Rádio CBN. Recentemente lançou o livro Espiritismo e Ecologia, pela FEB. Também é coordenador editorial e um dos autores da obra Meio Ambiente no século XXI, pela Sextante (2003).

Qual é a importância da comunicação ambiental hoje com relação a ações práticas?

André Trigueiro – O papel da comunicação ambiental é reportar uma crise sem precedentes na história da humanidade e dar a devida compreensão e diagnóstico do que emerge das comunidades acadêmicas e científicas. Dessa forma, desperta um senso de urgência para uma nova atitude, um novo modelo de desenvolvimento, uma revisão estrutural de hábitos, de comportamento, de padrões de consumo e de modelagem de gestão pública e de gestão privada. Com isso, é possível sinalizar rumos e perspectivas e quais são os caminhos, ou seja, se a situação do jeito que está não é boa, o que é preciso fazer e de que jeito? Esse também é papel da mídia e de quem produz informação, em geral, mas acima de tudo, da educação e da comunicação.

Como você analisa o papel da mídia atualmente quando trata do tema ambiental?

Trigueiro – A mídia se detém no factual, neste sentido, a grande mídia, em particular, e a maioria das segmentadas vive de notícias. A mídia pode informalmente educar ou deseducar, mas o papel do jornalista é informar. Acho que hoje, na área ambiental, estamos muito melhor do que no passado recente. Há um cuidado maior na confecção das pautas e em relação à cobertura de determinados assuntos, mas aquém do que achamos que seja um nível ótimo. Há muito o que fazer no sentido de qualificar o profissional de imprensa quanto a descobrir pautas que não sejam tão óbvias. Como também a descobrir o jeito certo de tratar a crise climática, sem fazer com que as pessoas se desmobilizem e digam que não tem jeito, já que os piores cenários estão colocados como perspectiva concreta. A calibragem desses assuntos requer certo cuidado, até porque há muito o que aprimorar e melhorar.

Mas a quem cabe melhorar todo esse contexto da crise?

Trigueiro – A capilaridade da crise não distingue setores que devem agir em detrimento de outros. Eu particularmente considero que devem ser todos que têm consciência da dimensão dessa crise, que é principalmente climática, mas há outros nichos de risco de esgotamento e de colapso da capacidade dos ecossistemas suprirem, os níveis de consumo de energia absurdos, a necessidade de educação para o consumo e de uma nova maneira de enxergar e medir desenvolvimento. São demandas civilizatórias que dizem respeito a todo mundo que está vivo. Certamente, o gestor público e os dirigentes políticos do país têm uma responsabilidade maior, mas não é só deles. Sozinhos não irão resolver.

Qual é o seu parecer sobre a educomunicação, já que tem um papel que não se restringe ao jornalista?

Trigueiro – Eu acho válido e pertinente. Toda a possibilidade que você tem de utilizar as ferramentas midiáticas é uma tendência inexorável. Antes de a educomunicação existir, já existia a internet e a possibilidade de qualquer pessoa ser mídia e de se comunicar. Na educomunicação, há também uma missão de identificar as pautas de interesse em sinergia com o seu público-alvo, validando o que e quem é eventualmente desprezado pela grande mídia, emprestando o microfone a essas pessoas, transformando a realidade local em área de interesse e atuação dessa ‘mídia’ para o bem. Há o empoderamento da pessoa física. Então, o mundo caminha para a possibilidade de cada um comunicar o que deseja, do jeito que bem entender, e de se fazer ouvir por meio do nível de interesse que desperte, e pela competência de comunicar o que julga importante. Dentro da educomunicação, se abre a perspectiva concreta de qualificar essa comunicação, e da responsabilidade pelo uso ético desta ferramenta.







Fonte: Blog Cidadãos do Mundo.


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