Especialistas dizem ter 'esperança' em Copenhague

Data: 26/10/2009

Especialistas dizem ter 'esperança' em Copenhague


Os sinais das diversas rodadas de negociações climáticas durante o ano foram de pessimismo com relação ao fechamento de um novo acordo climático em dezembro, porém muitos envolvidos no processo ainda acreditam que um tratado é possível.

Quanto mais nos aproximamos do início da Conferência de Mudanças Climáticas das Nações Unidas, maiores são as dúvidas se um novo acordo para controlar o aquecimento global após 2012 será fechado. Porém mesmo com um ambiente de muitas incertezas, a frase mais repetida por diferentes especialistas durante o Congresso Mundial de Florestas, que encerra nesta sexta-feira (23) em Buenos Aires, foi a de ter esperança de que um tratado seja fechado.

“Não tenho bola de cristal, mas acho que a força da Convenção do Clima da ONU nos dá uma boa oportunidade para avançarmos em Copenhague. Por isso, estou bastante positiva”, comentou a diretora do Secretariado do Fórum de Florestas das Nações Unidas, Jan McAlpine.

“Estou ainda positivo de que tenha um acordo em Copenhague, porque se não conseguirmos reduzir as emissões de gases do efeito estufa estaremos em uma péssima situação”, disse o cientista do Painel Intergovernamental de Mudanças do Clima (IPCC), Markku Kanninen.

“Com vontade política podemos fechar um acordo”, disse o gerente do programa de florestas da WWF Internacional, Gerald Steindlegger. “Porém, precisa ser melhor que Quioto. O tempo está correndo e nós não podemos perder um segundo”, ressaltou.

Steindlegger defende um corte de 80% nas emissões globais de dióxido de carbono (CO2) em 2050 com base no ano de 1990, com os países ricos aceitando uma redução de 40% em 2020 e os países em desenvolvimento rumando para uma economia de baixo carbono com ajuda de fundos de cooperação tecnológica, para assim reduzir em 30% o padrão atual de emissões em 2020.

Para ele, o ano de 2009 não deve ser lembrado como o ano da crise econômica, mas como aquele no qual a humanidade encontrou uma solução para as mudanças climáticas. E as florestas têm um papel crucial, por isso ele espera que haja um comprometimento financeiro dos países na preparação de projetos que redução de emissões do desmatamento e degradação, conhecido como REDD, nos países em desenvolvimento.

A meta sugerida por ele só será alcançada se o desmatamento for cortado pela metade, diz. “Nós sabemos que temos muitos problemas para serem resolvidos, mas temos que incluir o REDD”, enfatizou.

Tiina Vahenen, do Secretariado de REDD das Nações Unidas, diz que o clima é de otimismo. “As expectativas são muito altas e, por isso, eu espero que um acordo seja selado em Copenhague”, comentou.

A inclusão do REDD, para ela, é um dos pontos mais bem resolvidos, pois há menos controvérsias. Por esta razão, muitos dizem que talvez apenas a questão da preservação de florestas seja efetivamente acordado em Copenhague.

Porém Kanninen destaca que o tratado climático para pós-2012 é um pacote completo, por isso não se pode pensar que é possível um consenso sobre REDD apenas. “Para ser honesto, o REDD não é um ponto de dificuldade nas negociações. Os mais difíceis são a adaptação e a transferência tecnológica”, comenta.

Os países em desenvolvimento afirmam que precisam de US$ 100 bilhões para colocar em prática ações de mitigação e adaptação e, segundo Kanninen, isto é aproximadamente um 1% do PIB (Produto Interno Bruto) mundial. Porém, até agora, a estimativa é de que apenas US$ 1 bilhão do fundo de adaptação da Convenção do Clima e de bancos mundiais esteja disponível por ano em 2011, explica. “Os países em desenvolvimento precisam cem vezes mais este valor, por isso este é o obstáculo nas negociações”, afirma.

Um obstáculo, todavia, que precisa ser ultrapassado já em Copenhague, pois estudos conduzidos pelo professor do Instituto de Florestas da Finlândia, Risto Seppala, mostra que com um aumento das temperaturas de 2,5º C, as florestas deixarão de ser absorvedouros de CO2 para se transformarem em emissores, algo que não havia sido previsto nos modelos do IPCC. E se o mundo chegar a este ponto, atacar o aquecimento global será uma tarefa ainda mais difícil.

“As mudanças climáticas estão andando muito mais rápido que a adaptação. Por isso Copenhague precisa de uma ação imediata”.

Imagem: Mesa redonda sobre o que é necessário para os países em desenvolvimento fecharem um acordo em Copenhague, realizada durante o Congresso Mundial de Florestas



(Envolverde/CarbonoBrasil)


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