No Coração da TI Verde

Data: 07/10/2009

No Coração da TI Verde


Aquecimento global, alterações climáticas, o excesso de lixo: no âmago de algumas das principais preocupações que afligem a humanidade hoje, está a questão da sustentabilidade ambiental – a noção de que, se continuarmos utilizando os recursos naturais no mesmo passo que seguimos desde a revolução industrial, os danos à biosfera serão irreversíveis, causando extinções em massa e até mesmo colocando a vida humana em risco.
Todos nós temos que fazer a nossa parte contra este cenário: entretanto, são as empresas, grandes e pequenas, responsáveis pela maioria dos processos produtivos e por uma grande parte do uso dos recursos naturais. Por sorte, hoje já passamos da fase do convencimento da importância das práticas sustentáveis para a ação pura e simples. Nesse contexto, surge a TI Verde, ou a idéia de que é possível criar e utilizar tecnologias que levarão ao crescimento sem agredir o meio ambiente, sempre com foco no aumento de produtividade, o que em si já representa uma grande contribuição para redução de uso dos recursos naturais.
E onde está o “coração” da TI Verde? Não é difícil chegar até a resposta: onde está o “coração” do seu datacenter, do seu servidor, do seu sistema? A peça fundamental onde a TI se baseia são as tecnologias de processamento. É por isso que qualquer projeto de TI Verde sempre começa com a decisão pela plataforma com maior eficiência energética: quantos números eu serei capaz de mastigar com uma dada quantidade de watts, e em quanto tempo?
É importante notar que o avanço na tecnologia de processadores – por meio da adoção de arquiteturas mais eficientes e principalmente na diminuição do tamanho dos transistores – invariavelmente leva à eficiência energética. Ou seja, quando uma empresa decide adiar a renovação de seu parque de máquinas, ela não apenas deixa de ganhar produtividade, mas também deixa de economizar na conta de luz.
Vamos a um exemplo prático: Imagine um datacenter composto por 184 servidores com processadores de um único núcleo, adquiridos em 2005. Este sistema teria um gasto anual de energia de aproximadamente US$ 90.000 por ano, além do custo de manutenção das máquinas, hoje com quase cinco anos de uso. Hoje este parque pode ser substituído, mantendo o mesmo nível de performance, por apenas 21 servidores baseados em processadores Intel Xeon 5500, que irão consumir cerca de 90% menos energia, sem contar a economia com espaço ou com a manutenção. Nesse cenário, o retorno do investimento pode vir em até oito meses, e o meio ambiente ainda agradece.
Mas isso é apenas o começo: a verdadeira TI Verde começa na fabricação dos equipamentos, e não no seu uso. A empresa ecologicamente responsável precisa levar em conta os processos produtivos de seus fornecedores. Processadores, por exemplo, tradicionalmente utilizam o chumbo, um material altamente tóxico, em seus processos de soldagem. Nos últimos 10 anos, a Intel simplesmente eliminou o uso de chumbo no processo de fabricação de seus processadores. Desde 2008, a Intel também investe em mudanças para reduzir e até eliminar de seus produtos os halogênios, elementos químicos tradicionalmente utilizados na indústria de TI para evitar o superaquecimento. Os componentes halogênios, além de difíceis de reciclar, podem ser tóxicos se inalados.
A preocupação com o meio ambiente não pode passar ao largo das compras tecnológicas. Uma boa pesquisa e senso de responsabilidade trazem benefícios econômicos e produtivos também. A TI Verde não é sobre gastos desnecessários e dores de cabeças, mas sobre compras inteligentes e soluções eficientes, onde ganha a empresa, o funcionário, e todas as outras pessoas no planeta.


* Reinaldo Affonso é diretor de desenvolvimento tecnológico da Intel para América latina


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