Interações ecológicas são indicadores importantes para as mudanças globais

Data: 24/09/2009

Interações ecológicas são indicadores importantes para as mudanças globais


Muito mais do que estudar apenas contingentes de espécies, como fazem a maior parte das pesquisas atuais, é preciso compreender como eles se comportam dentro de sistemas funcionais dinâmicos dos quais fazem parte, alertou o presidente do Instituto de Biologia da UNICAMP, Thomas Lewinsohn, durante palestra no VI Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação, em Curitiba.
“Como saber como funciona um ecossistema sem saber como as espécies estão estruturadas, articuladas?”, questionou.

Doutor em ecologia, o biólogo explicou que além das interações entre espécies, os processos também agem em conjunto afetando a biodiversidade. As mudanças climáticas, disse, não são o único fator de pressão, mas há também a deposição de nitrogênio, as invasões biológicas, a mudança de uso do solo e a própria pressão demográfica que comprime cada vez mais os habitats naturais.

Lewinsohn citou diversos estudos que estão sendo desenvolvidos no Brasil e no mundo, como uma pesquisa sobre a distribuição atual e estimada da vegetação de Cerrado no caso de um aumento de 0,5 a 1° C na temperatura.

O estudo, que abrange 162 espécies, já indica que no cenário de aumento da temperatura há uma redução drástica na cobertura do bioma. Neste caso, levou-se em conta que as espécies não se dispersam e não mudam geneticamente com a rapidez necessária para a adaptação e que cada uma reage isoladamente, de uma maneira determinada.

Outro estudo mencionado por Lewinsohn reúne mais de 600 análises sobre interações de espécies e as mudanças globais. Cinco parâmetros foram estudados. Com o aumento da concentração de dióxido de carbono (CO2), as análises demonstram uma depressão dos herbívoros, aumento da predação, alterações das relações competitivas entre espécies e aumento das relações micorrizas, que é a associação simbiótica entre certos fungos e raízes de algumas plantas.

Com o aumento do nitrogênio disponível há uma melhora das interações entre herbívoros e também fungos prejudiciais. Já as mudanças climáticas aumentam a probabilidade de infecção das plantas por agentes causadores de doenças, chamados de patógenos, e têm um forte efeito sobre os processos de polinização e de dispersão, devido à quebra da sintonia entre plantas e polinizadores e dispersores. A mudança do uso do solo também prejudica os processos de polinização e dispersão e aumenta os patógenos, principalmente em animais vertebrados.

*Enviada especial ao VI Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação, em Curitiba.

(CarbonoBrasil)




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