A empresa é como um terreno fértil e o liderado é como uma boa semente

Data: 21/09/2009

A empresa é como um terreno fértil e o liderado é como uma boa semente


Uma das metáforas mais interessantes que já vi no campo da administração, estava em um texto de Dr. Norberto Odebrecht, que tive a oportunidade de ler, impresso no papel de uma matricial, já amarelado pelo tempo. Apesar de antigo, aquele documento era bem contemporâneo, como o seu próprio autor...

O texto dizia mais o menos o seguinte: a empresa é como um terreno fértil e o liderado é como uma boa semente. Se plantarmos a boa semente no terreno fértil, e cuidarmos dela, haverá de dar uma árvore forte. Cuidar, na Tecnologia Empresarial, é educar pelo e para o trabalho, dedicando tempo, presença, experiência e exemplo à formação das pessoas.

A metáfora continuava: quando a árvore se desenvolve, precisa da seiva correndo por ela, para levar alimento do solo até as partes verdes (caule e folha), alimentando todas as células, semelhante ao que faz o sangue no corpo humano. A planta alimentada dá flores e frutos. A seiva que alimenta a empresa é a comunicação; as flores e frutos são os resultados que gera e novas gerações de colaboradores e líderes que forma (novas boas sementes).

Talvez meu encantamento por este texto esteja no fato de que ele reune, de forma tão simples e tão sábia ao mesmo tempo, duas das minhas vocações: formação de pessoas e comunicação, vocações estas que eu já não consigo saber onde termina uma e começa a outra, porque são, no fundo, da mesma natureza.

Comunicação e educação estão tão ligadas que ambas vivem processos de transformação semelhantes. O mais notório deles é a ampliação dos espaços de participação e de interatividade. O modelo unilateral cede espaço para o modelo bilateral, que garante o fluxo e o refluxo da comunicação e o processo de ensino e aprendizagem na educação. É neste contexto que os modelos de professor e chefe cedem espaço para o modelo do líder educador, aquele que faz diferença na vida das pessoas.

No livro Ser Empresário, o professor Antônio Carlos Gomes da Costa diz que, “do ponto de vista civilizatório, a educação é a comunicação intergeracional do humano; toda educação é comunicação, mas nem toda comunicação educa. A comunicação que podemos chamar de educativa ocorre quando uma pessoa é capaz de exercer uma influência construtiva e deliberada sobre a outra”.

Na Tecnologia Empresarial, comunicação e educação são indissociáveis e toda comunicação é educativa. Nela, o desenvolvimento das pessoas é propiciado pela existência de um ambiente voltado a transformar a tarefa cotidiana de servir aos clientes em oportunidades de aprendizagem.

Conhecimento útil é conhecimento que se compartilha, através da comunicação e da interação entre as pessoas. Portanto, na Tecnologia, comunicar é tornar comuns conhecimentos, informações e vontades indispensáveis para que as pessoas consigam gerar riquezas morais e materiais. É criar um caminho de via dupla, onde as pessoas influenciam e são influenciadas por outras, buscando o que é o certo para todas, com desprendimento de vaidades pessoais sobre quem está certo.

O que é o certo pode variar de empresa para empresa, pode variar de acordo com diferentes momentos e contextos. Mas tem algo que é o certo para todas as organizações, independente do tempo e do cenário: o ser humano é o início e o fim de todas as coisas; é a máquina perfeita que movimenta qualquer negócio, que inventa e controla qualquer tecnologia. Por isso líder que é líder, não pode achar o ser humano complicado; ele deve ver em qualquer ser humano um outro líder em potencial, assim como vemos dentro de uma pequena semente uma árvore em potencial. O líder é o jardineiro da empresa, aquele que rega do mais simples ao mais capacitado dos colaboradores para que possam fazer brotar e crescer este potencial.

(*) Marta Castro é Colunista de Plurale, colaborando com artigos sobre Sustentabilidade. É Consultora-Sócia do Instituto Planos



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