PROPOSTA PARA IMPLANTAÇÃO DO MERCADO DE COMMODITIES AMBIENTAIS NO GRANDE RECÔNCAVO BAIANO

Data: 21/09/2009

PROPOSTA PARA IMPLANTAÇÃO DO MERCADO DE COMMODITIES AMBIENTAIS NO GRANDE RECÔNCAVO BAIANO


Na Sociedade do Conhecimento em que vivemos, é volumoso o número de informações que recebemos a todo instante, obrigando-nos a selecionar as mais necessárias para as nossas vidas; o que certamente faremos com relação ao resultado vivido nos dias 20 e 21 de agosto de 2009 na sede do Grupo de Defesa e Promoção Socioambiental – Germen que em comemoração aos seus vinte e oito anos de fundação promoveu o exitoso curso “Planejamento Econômico-Financeiro Regional para o Mercado de Commodities Ambientais” ministrado pela Cientista Econômica, Amyra El Khalili que nos legou de uma grande gama de ensinamentos econômicos, traduzindo didaticamente o economês-financês que a muitos confundem as idéias e detalhou para a nossa mais ampla reflexão, evidenciando o lado humanitário que a Ciência Econômica deveria estar pautada que é o princípio básico da sustentabilidade – a Ética.

A Ética é sem sombra de dúvidas o norte desta Mestra de notório saber que como ativista dos Direitos Humanos a serviço da Paz entre os povos, enxerga a Economia como Ciência que deve oportunizar a aproximação do povo com o Mercado.

Abrindo na manhã do dia dezessete de agosto as comemorações do aniversário do Germen, a Professora Amyra El Khalili plantou um pé de Pau Brasil, que recebeu o seu nome, no jardim da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal da Bahia- FAU/UFBA, e à noite na sede do Pelourinho foi mais uma vez homenageada quando proferiu uma palestra sobre Meio Ambiente e Vida, recebendo o título de “Embaixadora do Germen no Planeta Terra”, pela sua inestimável cooperação e dedicação à instituição aniversariante e ao zelo com a vida de qualidade para o Planeta através do respeito humanístico imprescindível ao tão sonhado equilíbrio. Nesta ocasião também fora homenageada a Professora Eurídice Maria de Almeida Lino, na qualidade de “Cidadã baiana pelo Movimento Mulheres pela P@Z!”, quando tivemos a honra de lançar o e-book “Commodities Ambientais em missão de paz – novo modelo econômico para América Latina e o Caribe”, editora Nova Consciência, 271 p. 2009.

A Conferência na noite da quinta feira dia 20 de agosto, no auditório da Associação Comercial da Bahia, também criou interesse nos empresários presentes que atentamente assistiram e debateram o assunto, neste momento, ainda tabu para muitos.

Buscando ampliar a difusão de tão relevante conteúdo, o GERMEN reuniu a Professora Amyra El Khalili com técnicos e coordenadores do SEBRAE-Bahia em encontro que projetou excelentes perspectivas para co-realização de cursos, oficinas, seminários em várias cidades baianas

Mercado humanizado: o único caminho!
(Claudio Mascarenhas)

“... uma coisa pode ser valor de uso, sem ser valor. É esse o caso, quando a sua utilidade para o homem não é mediada por trabalho. Assim, o ar, o solo virgem, os gramados naturais, as matas não cultivadas etc. Uma coisa pode ser útil e produto do trabalho humano, sem ser mercadoria. Quem com seu produto satisfaz sua própria necessidade cria valor de uso, mas não mercadoria. Para produzir mercadoria, ele não precisa produzir apenas valor de uso, mas valor de uso para outros, valor de uso social”. Marx (O Capital, 1988 p.49).


A formulação do conceito de commodities ambientais vem muito oportunamente contribuir para o preenchimento do vazio existente no universo do ideário ambientalista, com relação ao reconhecimento da importância da componente econômica, nos patrimônios cultural e ambiental, os quais devem ser tratados como propriedade, soberania e interesse estratégico da sociedade e da Nação, assim como também nas ações antrópicas, realizadas nos diversos processos.

A nosso ver, o citado fato se dá em decorrência do apego de uma parcela dos ambientalistas a leituras preconceituosas e estigmatizadas sobre a participação do capital e seus instrumentos associados, como sendo um predador sistemático e irrecuperável, comprometido unicamente com o lucro e incapaz de alcançá-lo de forma pró ativa e responsável, que venha a exercer o papel de viabilizador e estimulador de atividades e empreendimentos sustentáveis, não só os empresariais de médio e grande porte, mas também os sociais e familiares das diversas escalas.

No mundo atual, hegemonicamente capitalista e com a economia internacionalizada, onde tudo vira mercadoria e as relações ficam à mercê da lógica de mercado, desconsiderando os valores humanos, a vida e o valor de uso, curvando-se ao poder do capital especulativo, verifica-se que o sectarismo não é privilegio de só uma das partes. No caso brasileiro, os chamados desenvolvimentistas, agronegócio, construtoras-empreiteiras e detentoras de tecnologia nuclear, sob o argumento de geração de postos de trabalho, buscam os empreendimentos sem compromissos socioambientais por entendê-los como ônus e conseguem surpreendentemente atrair com relativa facilidade, o apoio do Estado, que deveria ser em última análise, o guardião dos interesses coletivos e difusos, além de mediador das tensões.

Commodities Ambientais, título cunhado para produtos gerados a partir das matrizes ambientais (água, energia, biodiversidade, madeira, minério, reciclagem e controle de emissão de poluentes – água, solo e ar) que compreendem ações da cadeia de negócios (insumos, produção, transporte e comercialização) coerentes com o conjunto de requisitos do “Comércio Justo”, da Agenda 21, das Metas do Milênio, da sustentabilidade (economicamente viável e responsável, socialmente justo, cultural e ambientalmente diverso e equilibrado), do associativismo-cooperativismo, traz intrinsecamente a proposta de quebra dos paradigmas, quando ousa juntar duas palavras que são emblemáticas de duas concepções antagônicas de mundo. Poderíamos resumir dizendo tratar-se de: mercado humanizado.

Construir um mercado alternativo, regido por uma lógica contrária à existente, que opere uma rede técnico-científica própria, com credibilidade dos clientes nos produtos e nos fornecedores identificados e consolidar o seu funcionamento via fóruns, é um desafio gigantesco e há muitos empecilhos a serem ainda equacionados e vencidos. Não se pode ignorar que o ideal seria iniciar-se a mudança pela sua base: “numa outra globalização” (Milton Santos), num outro modelo Econômico e de Desenvolvimento de caráter nacional, “redescobrindo o Brasil” (Bautista Vidal). Quase uma utopia.

O “leão” vai acordar do seu sonolento e monótono reinado e ao ver-se desafiado com algo novo, reagirá impiedosamente, como sempre fez com os que, mesmo estando no modelo do “reino”, não são amigos do “rei”, e tentam produzir algo, que já é ofertado/comercializado pelos que são (um dos inúmeros exemplos da história econômica do Brasil: Delmiro Gouveia, enfrentando o parque industrial estrangeiro), mas... A LUTA É O ÚNICO CAMINHO. VAMOS A ELA.

A Educação Ambiental, instrumento
(Eurídice Lino[1">)

“Sonhar não é apenas um ato político necessário; mas, também uma conotação da forma histórico-social de “estar sendo” de mulheres e homens.” Faz parte da natureza humana que, dentro da história, acha-se em permanente processo de tornar-se... Não há mudanças sem sonhos; como não há sonhos sem esperança.” Paulo Freire

A questão ambiental tem sido objeto de exaustivos discursos do setor governamental, não governamental e da sociedade civil organizada, entretanto, o que ainda se verifica é uma crescente deteriorização do meio ambiente.

O processo desenvolvimento econômico do país, acreditado no desenvolvimento industrial agrícola, energético e urbano, sem observância a preceitos de conservação do patrimônio ambiental e dos diversos ecossistemas brasileiros, levou a um crônico processo de destruição, com reflexos diretos na qualidade de vida das populações. A ocupação do espaço territorial, sem prévio entendimento da dinâmica de seus recursos ambientais, tem levado à frustração diversos planos, programas e projetos do governo e iniciativa privada, afetando a credibilidade da política de desenvolvimento regional, comprometendo a autosustentação do sistema produtivo com relações custo-benefício desfavoráveis para toda sociedade. Neste contexto, todos somos impactados diretamente!

As diretrizes da Política Nacional de Meio Ambiente, que tem como objetivo compatibilizar o desenvolvimento econômico-social com a preservação da qualidade do meio ambiente são formuladas em normas e planos destinados a orientar os Governos Federal, Estadual e Municipal, para a adoção de estratégias comuns na utilização dos recursos.

A Educação Ambiental, referendada na Lei Nº 9.795, de 27 de abril de 1999, que institui a Política Nacional de Educação Ambiental e no documento da Agenda 21 como ‘‘um guia para que a humanidade caminha em direção a um desenvolvimento socialmente justo, economicamente viável e ambientalmente sustentável.’’
As ações da Educação Ambiental vão proporcionar às comunidades envolvidas em seus programas e projetos o conhecimento, a vivencia, a experiência, o envolvimento com o meio ambiente, seu interesse final é o de contribuir para que a qualidade de vida dos seres humanos possam dignificar suas existências no Planeta Terra.

Grande Recôncavo Baiano: problemas e soluções
No contexto discutido, quais são os problemas e soluções socioambientais identificados no grande recôncavo baiano?
Como problemas/alternativas, o grupo identificou:
1. Aqueles relacionados ao Saneamento Ambiental
1.1 Resíduos sólidos: quantidade produzida; ausência de políticas públicas; disposição final inadequada; coleta ineficiente.
- Educação para redução do volume produzido (5Rs); inclusão da educação ambiental nas escolas (como determina a lei); implementação da coleta seletiva; programa envolvendo catadores; descentralizar a disposição final, realizando triagem por bairros/microregiões; encaminhamentos para reciclagem; gestão de aterros sanitários e não lixões; fiscalização das empresas responsáveis pela gestão dos resíduos sólidos.

1.2 Recursos hídricos: degradação dos mananciais superficiais e subterrâneos; distribuição desigual (socioespacial); tubulações antigas; desperdício; incerteza quanto à qualidade da água.
- ligação do esgotamento à rede; recomposição de matas ciliares e preservação de nascentes; distribuir equitativamente a água (bairros ricos e pobres); substituição de tubulações antigas; incentivar adoção de tecnologias de reuso e aproveitamento de águas pluviais; programa para evitar desperdício e reduzir volume consumido.

1.3 Esgotamento sanitário: lançamento de efluentes in natura (sem nenhum tratamento) nos corpus hídricos (rios, praias, ...); locais sem acesso a esgotamento (esgotos a céu aberto...).
- ligação à rede e criação de estação de tratamento; adoção de tecnologias que não sejam construídos apenas emissários submarinos, mas que a água seja efetivamente tratada antes de ser lançada nos rios/mares.

1.4 Vetores: Ratos; cólera; dengue; verminoses.
- limpeza de vias; programas de educação (dengue...); envolvimento da comunidade.

2. Aqueles relacionados ao Planejamento Urbano/Regional
2.1 Favelização da cidade
- políticas de habitação; requalificação destes espaços.

2.2 Comprometimento das áreas verdes
- fiscalização; acompanhamento público (sociedade civil) dos licenciamentos ambientais; criação de rede multidisciplinar.

2.3 Transporte (falta de ciclovias, transporte público ruim, obras do metrô gerando impacto visual e com desvio de recursos)
- investir em sistemas de transporte público de qualidade (que sejam “limpos” como ciclovias); fiscalização dos recursos públicos empregados no metrô.

3. Relacionadas ao Social
3.1 Violência (alto índice de violência nos diferentes espaços societários, inclusive intrafamiliares)
- policiamento; educação familiar (trabalhar o núcleo familiar/comunitário); investimentos em formação artística e cultural (dança, música, artes, teatro).

3.2 Sistema de Saúde (longas filas de espera, atendimento ruim, etc.)
- mais investimentos e fiscalização dos recursos públicos; atenção à prevenção, inclusive à drogadição/alcoolismo.

3.3 Educação (falta de infra-estrutura adequada, profissionais desmotivados, baixa qualidade/rendimento, etc.)
- investimentos (salário dos professores, valorização dos profissionais, com formação e também cobrança/acompanhamento); inclusão da educação ambiental, de esportes, artes, musica (...); valorização cultural, fortalecimento da identidade cultural/ auto-estima dos alunos (escola interagindo com o contexto em que se insere).

4. Relacionadas à Poluição atmosférica (tanto pelas esferas industriais como pelos automóveis desregulados, sem uso do filtro - veículos particulares e ônibus do transporte público).
- controle das emissões (fiscalização de indústrias e das frotas de veículos particulares e público/coletivo – cobrança pelo uso/manutenção do filtro de ar).

5. Relativos à Energia (a matriz energética da região é altamente impactante, tanto a energia elétrica como aquelas proveniente dos combustíveis fósseis – petróleo, carvão. Etc.)
- estímulo à utilização de fontes de energia limpa (solar, eólica...); programa de redução do consumo e de reuso.

6. Relacionados à Segurança Alimentar (o sistema produtivo que abastece a região se pauta pela monocultura, utilizando pesticidas, fertilizantes, incluindo sementes transgênicas, o que compromete a segurança alimentar da população. A produção de carnes é cruel com os animais.)
- investimentos em agricultura familiar; difusão da agroecologia/permacultura; programa de educação alimentar; estimular a produção e o consumo de alimentos produzidos desde um manejo ecologicamente adequado.

7. Poluição sonora / visual (A utilização de recursos sonoros e visuais, especialmente com fins de propaganda, polui a cidade e afeta a população).
- fiscalização, legislação própria e sanção mais rigorosa, limpeza geral da cidade.

8. Falta de interesse público / falta de representatividade (A população, de modo geral, não acompanha as questões que dizem respeito à sua cidade, à sua vida, ficando, muitas vezes, subordinada às notícias divulgadas na mídia. A organização política, tal como instituída hoje, não supre a necessidade de representatividade dos diversos segmentos da sociedade, com isso são atendidos apenas interesses particulares de algumas minorias que têm acesso ao poder, e não à coletividade e bem comum como deveria ser. Etc.)
- legitimar a ação das ARs (administrações regionais) e abrir espaços para que a população se faça representar, ter voz; incentivar a criação de grupos de mães, associações de bairros, e criação de redes de solidariedade. Criação de fóruns.

Estudo de Caso: Baia do Iguape

Degradação do Meio Ambiente com uma gigantesca obra de 4 bilhões e 420 milhões de reais. É o caso da Baia do Iguape na Resex - Reserva extrativista. Área atualmente preservada, com farta produção de peixes e mariscos, local de parto de espécies em extinção com comunidades tradicionais-poços de sabedoria popular em medicamentos caseiros, rezas, comidas típicas, danças e folguedos folclóricos, região própria para o fomento do “turismo étnico”.

Atitude: foi instaurada a Ação Civil Pública conjunta de um grupo de ONG’s Ambientalistas, já entregue no Ministério Público Federal e Estadual.

Entendemos que, necessário se faça educação e sensibilização dos extrativistas e das comunidades tradicionais que foram ludibriadas com promessas de empregos e falsas vantagens que não serão cumpridas. Consequentemente ocorre a perda da qualidade de vida com todos os ônus de um grande empreendimento como aumento do custo de vida, impossibilidade do trabalho extrativista, aumento da violência, prostituição infanto-juvenil dentre outras mazelas.

Quem são os excluídos?
Pobres, periféricos, favelados, negros, mulheres, especiais (deficientes físicos, mentais...), catadores, índios, quilombolas, sem terra, sem teto, sem registro civil, sem educação, mendigos/moradores de rua, crianças, velhos, GLST, obesos, determinados grupos religiosos, entre outros.

Problema: Violência doméstica e social
Solução: Trabalhar a questão ética como alicerce; Educação em valores e na Educação formal e informal de qualidade; Mobilização da sociedade por uma causa e Trabalhar pelo coletivo.

Quais são as potenciais Commodities Ambientais?
Artesanato (afro, indígena, em geral produzido a base de sementes nativas e fibras)
Pesca e mariscagem (pescados e mariscos como sardinha, sururu, aratu, siri, entre outros)
Instrumentos musicais (especialmente de origem afro-descendentes e indígenas)
Frutas e derivados (produção de polpas, doces, geléias, biscoitos, bolos de frutas típicas da região como caju, umbu, banana, coco, manga, entre outros.)
Alimentos orgânicos.
Leguminosas (raízes) como aipim, inhame, entre outros.
Óleo (alimentícios) diversos extraídos de plantas nativas como dendê, palmeiras, entre outros.
Produtos de beleza (sabonetes, xampu, óleos corporais, fitoterápicos)
Bijuterias artesanais feitas em comunidades tradicionais.

Commodities Espaciais (resiliência, respeito e valores humanos)
Cultura popular, como as manifestações populares tradicionais, cantos, danças, toques...
Serviços como ecoterapia, turismo ecológico;
Noção de rede de cooperação;
Cultura-Saberes e fazeres:
Culinária (doces caseiros feitos com a receita da vovó); Artesanato (tradicional com matérias primas locais); Sotaque (explorar o modo de falar em peças teatrais); Vestuário (customização reaproveitamento de roupas); Expressões Artísticas e culturais.

Exemplificando a “Bananeira e seus Resíduos” como Commodities Ambientais

(Jucineide Mª Mascarenhas de Oliveira[2">)

Iniciamos ao citar a utilidade dos resíduos sólidos da bananeira pelas suas raízes e o pseudocaule que, além de sua utilidade natural de levar nutrientes para o seu desenvolvimento e fruto, pode ser utilizado como cobertura de solo para evitar deslizamento e erosão de terras agrícolas, também nas encostas até mesmo nos grandes centros urbano e em pequenos quintais residenciais, usando um pouco de criatividade para substituir diversos poluentes como: papel, papel de alumínio, plástico entre outros, pela folha da bananeira, fazendo economia doméstica e contribuindo com a preservação do meio ambiente.

É grande a utilidade dos resíduos da bananeira a começar que ela pode substituir ou amenizar o impacto ambiental que o eucalipto provoca com a fabricação de papel. Deste resíduo pode se fazer papel artesanal ou industrial, papel ondulado substituindo o famoso papelão para embalagens industriais (Pesquisadores do Departamento de Bioquímica de Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), revestimento acústico, dar criatividade para os futuros revestimentos arquitetônicos com a adição do polímero da mamona que pode se tornar um bom substituto para a tão poluente fibra de vidro. A Química verde, o professor Marco Aurélio De Paoli, responsável pelo laboratório de polímeros condutores do Instituto de Química da Unicamp, está a procura de fibras condizentes. O resíduo da bananeira já é matéria prima para diversos artesanatos, uma alternativa para comunidades carentes seja ela rural ou urbana.

Na alimentação animal é até difícil relacionar todos os animais que podem sobreviver com os resíduos da bananeira, citamos apenas os de grande porte e de maior peso na nossa sociedade como os bovinos, eqüinos, ovinos, caprinos e suínos, que no nosso nordeste nos períodos de seca podem ser beneficiados na diversificação da sua alimentação com essa planta. Existem informações empíricas, técnicas e científicas sobre o uso da bananeira (Musa spp.) no controle de parasitas em animais domésticos.

Na alimentação humana já temos pesquisa feita pela Universidade de Pernambuco - , com a utilização da parte mais interna do pseudo caule da bananeira para a fabricação de uma espécie de palmito. Pode ser usar as folhas para cobrir os alimentos nos cozidos (abará, bolinhos de tapioca e milho, etc.) e assados (carnes e peixes, etc.), substituindo o papel laminado que tem uma vida longa descartado no meio ambiente. A casca da banana pode fazer bolos, geléias e doces. Também pode ser usado no plantio da cultura do cogumelo do gênero Pleurotus spp. para a alimentação e para o cultivo de Agaricus blazei, um fungo com notável valor comercial devido às suas características medicinais já demonstradas.

Na farmacologia popular a seiva da bananeira (tanino) é um dos mais conhecidos cicatrizante natural, usado pelas índias e comunidades nativas nas camas de parto e no período pós-parto como cicatrizante.

A fruta banana que é o ouro para organismos dos seres vivos não só pela cor, mas pelas suas utilidades, fazemos uma pequena citação apenas da parte farmacológica para o corpo humano que são: Sacarose, frutose e glicose, energia para fazer exercícios físicos extenuantes, ajuda a curar e prevenir doenças como anemia, tensão arterial, aumenta a capacidade mental, suas fibras ajudam no funcionamento do intestino e serve para corrigir intestino solto, contém Trypotopham, um tipo de proteína que no organismo converte em Seratonina, reconhecida por relaxar, melhorar o humor e, de um modo geral aumenta a sensação de bem estar, combatendo estados depressivos, excesso de álcool, azia, enjôo matinal, picadas de mosquitos, sistema nervoso, stress no trabalho, TPM, úlcera, herpes, controle de temperatura nas mulheres grávidas nos países nórdicos, os bebês nascerem com temperatura baixa, DAO- Desordens Afetivas Ocasionais, ajuda as pessoas se libertar do fumo (tabaco), enfarte, verrugas, regulador de níveis de carboidratos, hipokaliemia ou seja baixa de potássio.

Exemplificando o “Girassol” como Commodity Ambiental

Planta sublenhosa, anual, da família das compostas com flores amarelas ou alaranjadas, folhas verde-esbranquiçadas e frutos achatados. As sementes, flores e óleo são utilizadas na culinária, originária da parte Oeste da América do Norte, Arizona e Novo México, segundo os historiadores, já era cultivado por volta de 3.000 anos a.C.

Por ser originária de clima temperado desenvolve-se durante a primavera e completa seu ciclo no verão, suporta bem o frio e a seca. Também pode ser cultivada no nordeste no período do inverno com alternância de muito sol. Requer solos profundos e frescos, que não sejam compactos em excesso, nem úmidos. O girassol não aceita bem solos ácidos, sendo necessário realizar a correção do PH. É necessário seja plantada com barreiras de ventos fortes (ex. fileiras largas de bananeiras, ou outra cultura que não dê muito sombreamento), porque estes prejudicam o desenvolvimento da cultura.

É de grande importância econômica, principalmente devido à extração do óleo, em termos de calorias e grau de assimilação pelo organismo, situa-se entre os melhores óleos vegetais. Tem cor amarela clara, odor agradável e sabor doce, resistindo à baixas temperaturas (15oC). Pode ser usado como óleo industrial e artesanal, na alimentação humana, animal e óleo diesel, que por ser de boa qualidade, deve ser plantado em consorciação com outras culturas como: amendoim, feijão, milho, para não se tornar uma monocultura. De uma tonelada com casca obtém-se 50kg de furfurol e 82 litros de álcool etílico.

O girassol pode também ajudar a sustentar outras matrizes– com a da abelha que durante a floração do girassol, é possível obter-se de 20 a 30 kg de mel de abelha de alta qualidade, dando sustentabilidade a família produtiva.

Na alimentação humana pode ser consumida em forma de óleo, bastante apreciado principalmente por conter menos colesterol que o óleo de soja, margarina, farinha de girassol (pode substituir de 10 a 20% de farinha de trigo na fabricação de pães, biscoitos e similares). As sementes torradas condimentam os vegetais, saladas, molhos e patês. Os botões florais são cozidos e servidos como aspargos e as flores são usadas em saladas.

As sementes são vendidas a granel ou em pacotes. As flores são encontradas frescas em lojas do ramo e o óleo de girassol pode ser comprado em qualquer supermercado.

No controle de qualidade, pode ser padronizado para a comercialização através da classificação vegetal. O girassol pode ser enquadro nas classes: branco, preto, rajado e misturado. Nos tipos de 1, 2 e 3, para alimentação humana ou animal. Como abaixo do padrão, pode ser aproveitado para óleo diesel e algumas espécies de animais (semente in natura) e como torta resultada do seu beneficiamento. O produto desclassificado, a depender dom grau que se encontra pode ser reciclado para adubação.

O caule, as folhas e a flor também podem ser usadas para alimentação de diversos animais, dos de pequenos como o papagaio aos de grande porte como bovinos, ovinos e caprinos. É necessário que cultura seja protegida da ação dos predadores.

Abelha, matriz das Commodities Ambientais.

Que a abelha é uma sociedade organizada já sabíamos ou só precisamos observá-las para entender um pouco do seu labor, mas não tínhamos parado para pensar o quanto esse bichinho tão pequenininho pode contribuir para o equilíbrio do nosso ecossistema. Todos os outros animais, inclusive aves são muito importante para o equilíbrio das matas e florestas, mas esse é muito importante, porque com o processo de polinização nas flores, ela pode contribuir e muito com a preservação das nossas florestas, caatingas e ainda ser uma produtora matriz, dando exemplo ao ser humano para preservá-la. Se ele deixar, a abelha refloresta vários biomas sem custo nenhum e até nos agracia com seu precioso mel e nos fornece matéria prima.

Mel de abelha – alimentação humana e animal, farmacologia industrial e popular, doces, geléias, seus resíduos sólidos podem ser aproveitado como cera, para fabricar novas colméias, remédios, vedação de frestas em vários utensílios, como silos de sementes e grãos para consumo, etc.);

Frutas – doces ou que pode fazer processo fermentativo artesanal de frutas (ex. uva com açúcar, pode fazer vinho, suco ou vinagre), algumas frutas do nordeste que pode fazer: umbu, acerola, caju, jaboticaba, siriguela, carambola, pitanga, amora, cajá, etc.;

Cactos – mandacaru e palma, com espinho e sem espinho (mais nova descoberta), alimentação animal e humana, farmacologia popular, protege cercas, proteção e decoração muros das cascas e comércios nos centros urbanos e na zona rural);

Bambu – mais de 5 mil utilidades;

Amendoim – alimentação humana e animal, doces, patês, geléias;

Coco – leite de coco, óleo de coco, doce de coco, bagaço ara artesanato, adubação, cultura de orquídeas, substitue o xaxim (evita e extição da plameira xaxim), substitui a lenha para fornos, cultiva cogumelos, entre outros;

Dendê – óleo para alimentação humana e animal, biodiesel, várias utilidades do seu tronco e folhas;

Mandioca – (mandioca brava) farinha, beijus, amido para fabricação de comprimidos, fécula, cola caseira, bolos, a maripueira (seiva ou líquido) pesticida natural para animais e plantas (serve para combater carrapato, mosca de chifre em animais e adubação em doses controladas, etc.), seus caules servem para ração animal (com bastante cuidado, curtindo ao sol depois de vários dias, porque pode matar os animais) as folhas na alimentação humana (cuidado porque é tóxica) maniçoba - prato típico do sertão, lavar em 10 águas, depois que deixa sair a sua química (uma espécie de ácido natural) objeto de vários estudos;

Aipim (mandioca mansa) – ser para a maioria das utilidades da mandioca brava, (só a parte do ácido que é mais fraco), pode ser consumido cozido no café da manhã;

Inhame – um dos melhores tubérculos para alimentação humana e animal, pode ser consumido cozido nos cafés da manhã, já estão exportando em pequenas quantidades, (os resíduos sólidos das plantas servem para alimentação animal);

Gengibre – matéria prima para farmacologia industrial e artesanal (circulação, emagrecedor, potência masculina, condimentos em vários países), alimentação animal;

Amora – farmacologia popular como hormônio feminino, alimentação humana e animal, as folhas serve para alimentar bovinos, caprinos, ovinos e suínos principalmente no período de gestação e amamentação; doces e sucos;

Umbuzeiro – doces, sucos, umbuzada, geléias, com adição de mel, açúcar ou aproveitamento do mel açucarado, farinha da raiz do umbuzeiro e extração da água na sobrevivência em longos períodos de secas na caatinga, para abelha no período de floração, folhas para alimentação de caprinos;

Babosa – farmacologia industrial ou popular para humanos e animais (abc da babosa), contra-indicação: deve ser consumida in natura por pessoas idosas com cuidado, porque pode em alguns casos afinar os capilares e causar hemorragias em quem tem miomas porque ela tem a função de expulsar tumores; serve como cosméticos, adubação, etc.

Algaroba – alimentação animal, frutos e folhas, os animais de grande porte podem replantar árvores como ela, porque pode nascer nova árvore dos seus estrumes. Na alimentação humana, sucos, picolés e sorvetes (já estão sendo vendidos nas estradas por pessoas humildes nas paradas de ônibus no nordeste), ela retira água do solo e à noite devolve em forma de pingos, águas ou sereno, equilibrando o ecossistema. O sertanejo diz: ela chora para dar água para a seca do sertão...;

Energia solar – pode ser empregada com placas de energia solar para economizar energia em lanchas e aviões, para iluminar fazendas, abastecendo os eletrodomésticos que as pessoas necessitam, energia para bombas de puxar água em poço, lagos ou rios para irrigação, abastecer fogão e fornos de energia solar, iluminação de outras residências e áreas externas em centro urbanos, economizando a energia convencional;

Reciclagem – redução de resíduos sólidos com criatividade para dar sustentabilidade econômica a recicladores, ONGs, artistas, gerar emprego e renda para comunidades carentes;

Artesanato – gerar emprego e renda para pessoas afins, inclusive de pequenas comunidades, sem gerar danos ambientais.

CONCLUSÃO

Graças à pertinência do tema, assim como o domínio do assunto, a capacidade de explanação com grande e diversificada oferta de informações e exemplos, a capacidade de atrair e manter a atenção dos alunos e controlar o grupo, apresentada brilhantemente pela Profª Amyra, os trabalhos mostraram um resultado acima das expectativas. O grau de interesse demonstrado em algumas participações dos alunos atesta isso.
Considerando a relevância da problemática Economia versus Meio Ambiente, a necessidade de consolidar-se sua inserção na agenda socioambiental e o sucesso alcançado pelo curso, o Germen já iniciou articulações para promover uma segunda edição e uma apresentação em instituição de reconhecida magnitude, como ocorreu na ocasião da brilhante palestra proferida na Associação Comercial da Bahia naquele período.

Concluímos que os quatro turnos de aulas, despertaram a necessidade de aprofundar o tema “Commodities Ambientais” que contou com uma apostila para maior enriquecimento teórico e o e-book acessado gratuitamente. Ficou a certeza de que todos compreendemos a importância desta iniciativa para a instalação do Fórum no Grande Recôncavo Baiano, cuja pauta dos debates consolidarão os objetivos e a mais ampla difusão deste novo modelo econômico em todo estado da Bahia.


[1"> Projeto de pesquisa da Professora Eurídice Lino na região dos Alagados em Salvador.
[2"> Projeto de pesquisa de Jucineide Maria Mascarenhas de Oliveira - Gestora Ambiental


Participaram da elaboração deste relatório (Doc BECE):
Coordenação Geral:
Jorge Bandeira, Eurídice Almeida Lino, José Augusto Peixoto Saraiva

André Ueslei Bandeira Souza
Anelene Setenta Hortélio
Antonia Rosa Guedes
Carine Monteiro de Queiroz
Claudio de Carvalho Mascarenhas
Débora Carol Luz da Porciuncula
Denise Noronha de Oliveira
Edvaldo Pereira
Eurídice Maria de Almeida Lino
Joaquem Hortélio da Silva Neto
Jorge Roque da Cruz Bandeira
José Augusto Saraiva Peixoto
Josenilda Noronha de Oliveira
Jucineide Maria Mascarenhas Oliveira
Julio Pereira Maia Neto
Maria Virginia de Salles Garcez
Natalia Tager
Rafael Cabral Carvalho


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