CDES criará grupos para analisar alternativas de financiamento para cada setor da infraestrutura

Data: 16/09/2009

CDES criará grupos para analisar alternativas de financiamento para cada setor da infraestrutura


Diante da necessidade de desenvolver as reservas de óleo e gás natural nas camadas pré-sal, a infraestrutura, incluindo todos os setores, demandará investimentos de R$ 160 bilhões por ano nos próximos cinco anos. Em 2008, foram investidos R$ 106 bilhões. O grande desafio, na opinião de Paulo Godoy, presidente da Abdib, será estruturar financiamento neste volume para que tanto a demanda do pré-sal quanto a de outros setores de infraestrutura seja atendida. "Precisamos de R$ 160 bilhões por ano de 'funding' - este é o desafio", resume Godoy.

Para fazer frente à demanda por crédito dos grandes projetos do pré-sal e dos outros setores de infraestrutura, o presidente da Abdib acredita que o Brasil precisa consolidar o conceito de financiamento da infraestrutura pela modalidade de project finance - pela qual as garantias corporativas são substituídas pelos ativos da própria concessão - e também aperfeiçoar e diversificar os instrumentos de garantias existentes. "Isso criará novas perspectivas de crédito para o setor", explicou.

Esse panorama foi discutido no dia 3 de setembro, em São Paulo, em uma reunião realizada pelo grupo de trabalho do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social (CDES) que debate a agenda da infraestrutura, coordenado por Godoy. Além dos integrantes do grupo, foram convidados agentes importantes nesse assunto, entre diretores financeiros de grandes empresas e presidentes de instituições de crédito, além de conselheiros do CDES.

Entre os convidados, Nelson Siffert, superintendente de Infraestrutura do BNDES, Almir Barbassa, diretor financeiro da Petrobrás, Alan Simões Toledo, vice-presidente internacional do Banco do Brasil, Maria Fernanda Ramos Coelho, presidente da Caixa Econômica Federal (CEF), e Rubens Sardenberg, economista-chefe da Federação Nacional dos Bancos (Febraban), além de representantes do Ministério da Fazenda e Banco Central. O encontro contou ainda com conselheiros do CDES, entre eles Jorge Gerdau, presidente do Conselho de Administração do Grupo Gerdau, e Sérgio Rosa, presidente da Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil (Previ).

O presidente da Abdib abriu a reunião analisando algumas alternativas para financiar os projetos do pré-sal e de infraestrutura em geral, como instrumentos de mercado de capitais e também operações do BNDES, de outros bancos públicos e privados e de fundos de investimento e de participações.

Paralelamente, Godoy lembrou o esforço fundamental para atrair recursos externos. De um lado, o Brasil conseguiu construir um arcabouço regulatório atrativo e estável, organizou um conjunto de bons projetos de investimento em diversas áreas e conquistou credibilidade com um histórico de cumprimento de contratos nos últimos 15 anos. De outro lado, os grandes investidores institucionais do mundo (fundos de pensão e de investimento internacionais) estão dispostos a investir um volume maior de recursos em países emergentes nos próximos cinco anos - e o Brasil é um dos que lideram a lista de preferências. "Precisamos unir essas duas pontas e atrair esses recursos externos, complementado a poupança de longo prazo disponível no mercado interno", disse Godoy.

O presidente da Abdib lembrou que o assunto é complexo, pois cada setor tem realidade e histórico diferentes para financiamento. "Alguns setores estão mais bem estruturados, como é o caso na área elétrica, e outros nem tanto, como os setores de portos e de saneamento", conclui. Por essa razão, o grupo de infraestrutura do CDES decidiu criar pequenos grupos para analisar as implicações, os riscos e as melhores alternativas em cada mercado da infraestrutura.

Fonte: Abdib


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