Tratamento de esgoto é desafio

Data: 15/09/2009

Tratamento de esgoto é desafio


Aumento nos índices de coleta e tratamento de esgoto. Às vésperas da comemoração do Dia do Rio Tietê (22 de setembro), este é o assunto que norteia as discussões sobre as tão necessárias recuperação e preservação do manancial. A prioridade fica com a destinação dos resíduos domésticos que, segundo estimativas oficiais, correspondem a 70% da carga poluidora que chega ao curso d´água. Mas há também a preocupação com os detritos provenientes de efluentes industriais e carga difusa (impurezas arrastadas pela chuva), que ficam com os 30% restantes.

Dados da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) mostram que entre Salesópolis e Mogi das Cruzes, o Rio Tietê não tem um grau de poluição tão alto. Isso porque nas duas primeiras cidades cortadas pelo manancial - Salesópolis e Biritiba Mirim -, os índices de coleta e tratamento de esgoto atingem quase a totalidade das populações residentes. Mas, de Mogi das Cruzes em diante (sentido Capital Paulista), os problemas começam a ficar mais evidentes. E, mais uma vez, estão diretamente ligados às lacunas no saneamento básico.

As duas situações mais graves acontecem em Itaquaquecetuba e Santa Isabel, cidades que praticamente deixam de tratar os resíduos colhidos. Em Itaquá, município que quase se iguala a Mogi no que se refere à população, as falhas começam pela coleta, que só atinge 58% da localidade. Deste total, míseros 7% são tratados antes de serem devolvidos ao rio. Na pacata Santa Isabel, a coleta é maior; chega aos 78% da Cidade, mas, em compensação, o tratamento é de 0%.

Guararema é outra que está longe do ideal, pois coleta 70% do que produz, mas trata apenas 35%. Mogi vem na sequência, com 88% de resíduos colhidos e 42,5% tratados, e é seguida por Suzano, com 82% de coleta e 70% de tratamento.

O resultado deste panorama é uma enorme carga poluidora que cai diariamente no Tietê, comprometendo seriamente a qualidade das águas e destruindo a biodiversidade existente. Para completar, há ainda a questão da falta de conscientização da comunidade, que deliberadamente joga lixo no rio.

O diretor regional da Cetesb, Edson Santos, admite que a situação não é boa, mas destaca medidas concretas que podem resultar em melhorias. Em Santa Isabel, por exemplo, o órgão já concedeu uma licença prévia para a implantação de uma Estação de Tratamento de Esgoto (ETE), que deve começar a ser construída no ano que vem. Já em Mogi das Cruzes existe a ETE de César de Souza, que tem capacidade para tratar 300 litros/segundo, mas até o momento opera com a marca de 50 litros/segundo, o que corresponde à cerca de 25% do total que poderia alcançar.

Além disso, a Companhia de Saneamento Ambiental do Estado de São Paulo (Sabesp), responsável pela água e esgoto de todos os municípios do Alto Tietê, com exceção de Mogi - que tem o Serviço Municipal de Águas e Esgotos (Semae) e compra uma parcela de água da Sabesp - , está entrando na terceira fase do Projeto Tietê, que vai contemplar todas as cidades com projetos para o tratamento dos resíduos produzidos. Os benefícios devem atingir o valor de R$ 1 bilhão.

A Cetesb equaciona todo este quadro com a composição do Indicador de Coleta e Tratabilidade de Esgoto da População Urbana dos Municípios (Ictem). Biritiba aparece na frente, com 9,9, e é seguida por Salesópolis (8,4), Poá (7,2), Suzano (5,5), Ferraz de Vasconcelos (4,5), Mogi das Cruzes (4,1), Guararema (3,1), Itaquaquecetuba (1,4) e Santa Isabel (1,2). O Ictem é atualizado anualmente. Estes dados, divulgados em abril último, são referentes a 2008.

"A grande expectativa que temos é a adoção de medidas por parte das entidades competentes. Precisamos com urgência de propostas para aumentar a coleta e o tratamento de esgoto, de modo que os resíduos domiciliares, ao invés de serem lançados diretamente em córregos que deságuam no Rio Tietê, sejam coletados e direcionados a estações de tratamento de esgoto e só depois lançados na bacia", conclui Santos.

Fonte: Diário de Mogi


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