Investimentos em termoelétricas representam retrocesso

Data: 27/08/2009

Investimentos em termoelétricas representam retrocesso



O Brasil regride para o século XIX quando se trata da oferta de fontes energéticas. Na contramão de países desenvolvidos, a matriz brasileira aponta para o crescimento de usinas termoelétricas. O modelo, que impulsionou a revolução industrial, é cada vez mais condenado por utilizar o combustível fóssil e portanto, poluente.

”O Brasil está mudando a característica de sua matriz energética, abrindo mais concessões para a fonte térmica. E dessa fonte, mais da metade é de óleo combustível, que é caro e poluente. Energia suficiente, mas aponta para a direção errada”, disse o professor da Faculdade de Tecnologia da UnB, Ivan Camargo.

Para se ter ideia, segundo o professor, em 2009 a concessão dada pelo governo para esse tipo de energia, foi de 2.088 megawatts, contra 825 da energia hidráulica, hoje a principal fonte do país. E esse quadro continuará nos próximos anos. Até agora, a projeção para 2010 é de 5.065 megawatts de energia térmica contra 3.216 hidráulica.

ENERGIA EÓLICA - Uma alternativa viável é a energia eólica, em franca ascensão no mundo. Atualmente, os Estados Unidos são os que mais investem nesse modelo. Em 2008, deteve 29,6% da capacidade gerada de energia eólica no mundo. Logo atrás vem a China, com 22,2%. A fonte que vem dos ventos é transformada em energia mecânica por meio dos aerogeradores e convertida na energia elétrica. É a energia renovável que menos impacta o ambiente.

“Por causa da energia proveniente do fóssil, o planeta vai aquecer dois graus nesse século, o dobro do crescimento na revolução industrial. É preciso suprir a demanda por energia, mas com fontes renováveis”, afirma Ronaldo dos Santos Custódio, engenheiro da Eletrosul que lançou o livro Energia eólica para produção de energia elétrica, uma publicação inédita no Brasil sobre o tema. Ele esteve na UnB nesta quarta-feira, para participar de um debate sobre a questão energética.

Segundo ele, o país tem grande potencial para desenvolver esse tipo de energia: 143 mil megawatts. As melhores áreas se encontram ao longo da costa e em áreas elevadas do país. O Nordeste, por exemplo, é uma região favorável para investimentos. “Tem bons afluentes de ventos. Com isso é possível armazena-los, inclusive”, disse.

LEILÃO - Segundo Custódio, o Brasil conseguiu colocar a matriz eólica na agenda governamental com o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa). A previsão é a de que haja um leilão de concessão para o tipo de energia em novembro deste ano. As universidades também estão mais atentas ao tema. “O desafio é escolher os melhores projetos, usar a matriz renovável de forma sustentável para que consigamos reverter esse cenário atual”, disse. “Há dez anos atrás, inclusive, não tínhamos pesquisas no país sobre energia eólica”, disse.

Segundo o engenheiro, os principais desafios são desenvolver tecnologias no país, com baixo impacto sócio-ambiental e a custos competitivos. O país possui apenas duas fábricas de aerogeradores, mas poderia crescer no ramo e oferecer equipamentos para a América Latina.



(Envolverde/Agência UnB)


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