Bactérias tornam-se aliadas na limpeza de derramamentos de óleo

Data: 21/08/2009

Bactérias tornam-se aliadas na limpeza de derramamentos de óleo


Débora Motta - Faperj - 19/08/2009



A oxigenação por membranas evita a formação de espuma em excesso durante a fermentação. [Imagem: UFRJ">


Limpando óleo derramado

Um novo produto de limpeza desenvolvido nos laboratórios da Coppe e do Instituto de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), promete ser um aliado para remediar a poluição causada por derramamentos de óleo no mar ou pelo rompimento de oleodutos em terra.

Trata-se de um detergente biodegradável capaz de limpar as manchas de óleo, conhecido tecnicamente como biossurfactante.

"É um produto de origem microbiana, obtido a partir de fontes renováveis de carbono, que pode ser usado para reduzir a contaminação e minimizar o impacto ao meio ambiente", diz um dos coordenadores da pesquisa, Cristiano Borges, do Programa de Engenharia Química da Coppe.

Biodetergente

O estudo, realizado em parceria com a Petrobras, é o primeiro do gênero no País. "É uma pesquisa inédita, que surgiu há 10 anos por iniciativa da pesquisadora Denise Freire, do Instituto de Química, em parceria com a pesquisadora Lidia Santanna, da Petrobras", conta Borges, que participa do projeto há cinco anos.

De acordo com Kronemberger, a ideia é produzir o detergente em maior escala, na Unidade Piloto para Produção de Biossurfactantes, localizada na Coppe e inaugurada no dia 24 de julho último.

"O laboratório está produzindo cerca de 200 litros por semana do produto, à base de glicerina, mas ainda não realizamos testes em campo. Estamos avaliando a concentração necessária para a aplicação do biossurfactante na praia ou no mar", explica ele, acrescentando que esses testes devem ocorrer em 2010.

Bactérias comedoras de petróleo



No laboratório, estão sendo produzidos cerca de 200 litros de biossurfactante a cada semana. [Imagem: UFRJ">O biossurfactante é produzido a partir de um processo de fermentação aeróbia das bactérias Pseudomonas sp, que transformam fontes de carbono no detergente biodegradável. "Essas bactérias produzem naturalmente o biossurfactante porque são originárias de poços de petróleo, onde sua única maneira de sobrevivência é através do consumo das cadeias orgânicas do petróleo", conta Frederico.

A escolha da glicerina como substrato para a produção do detergente foi pautada pela relação custo e benefício. "Fizemos testes com diferentes fontes renováveis de carbono e a glicerina foi a que teve melhor resultado e menor preço, devido à facilidade de encontrá-la nas usinas produtoras de biodiesel, já que se trata de seu principal subproduto. Aliás, a expansão da produção de biodiesel tem feito o preço da glicerina cair cada vez mais, o que tem contribuído para diminuir o custo para a produção do biossurfactante. Embora inicialmente não tenha sido desenvolvida com esse propósito, nossa pesquisa acabou sendo uma alternativa interessante para absorver o excedente cada vez maior de glicerina, que de outra forma poderia causar impacto sobre o meio ambiente", destaca.

Para viabilizar essa fermentação sem a formação de espuma em demasia durante a fabricação do produto, um contactor de membranas é usado para o controle da concentração de oxigênio dissolvido no meio. "A produção excessiva de espuma tornaria inviável a produção em larga escala, daí a necessidade de se utilizar membranas para uma forma não dispersiva de oxigenação", conclui Frederico.




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