Integração de tecnologias garante água em abundância

Data: 19/08/2009

Integração de tecnologias garante água em abundância


Na comunidade Fazendinha Pai José, município de Araçaí (região Central de Minas Gerais), a integração entre tecnologias sociais tem tornado o sonho dos moradores realidade. No local, existem 111 chácaras de dois hectares cada e os proprietários são, em sua maioria, aposentados de pequeno poder aquisitivo. Muitos alimentavam um antigo desejo: ter um pequeno lago e criar peixes. "A limitação era a água, de difícil acesso", explica o engenheiro agrônomo da Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG), Luciano Cordoval.

Em agosto do ano passado, foram feitas 96 barraginhas para captação de enxurradas na Fazendinha Pai José, que é uma das 40 comunidades atendidas pelo projeto "Desenvolvimento e Cidadania", financiado pela Petrobras e coordenado por Luciano Cordoval. De lá pra cá, o nível de água das cisternas que era, em média, de 4 metros aumentou para mais de 10 metros, como conta um dos moradores, Dimas Marques Sobrinho. "Dá para tirar uns 6 mil litros por dia. Em todo canto onde fez barraginha, tem água demais agora."

Luciano Cordoval explica como funciona a tecnologia: "as barraginhas colhem as enxurradas e evitam erosão do solo. A água captada infiltra na terra e recarrega o lençol freático, elevando-o. Isso reflete no nível das cisternas." Mas, nem mesmo o coordenador do projeto esperava que a capacidade de abastecimento fosse tanta. "Descobrimos um tesouro", conta, animado. Ao retornar à comunidade, ele pôde ver os moradores abastecendo pequenos lagos com água das cisternas.

Os moradores tinham pedido que a máquina usada para cavar as barraginhas fizesse alguns buracos a serem lonados. Queriam também ter pequenos lagos de múltiplo uso, outra tecnologia difundida por Luciano Cordoval. O engenheiro agrônomo se surpreendeu com o que viu ao retornar às chácaras: "a gente não imaginava que pudesse sustentar o lago com a água de cisterna e criar peixe." E é exatamente o que está acontecendo na Fazendinha Pai José para alegria dos produtores, como Giovani Vicente. "O sonho que eu tinha quando comprei esse terreno era adquirir um poço", diz, satisfeito.

A realização é uma terapia, como explica outro morador, Geraldo de Souza: "Isso aqui é o `tira-estresse´. Você está cansado, nervoso, preocupado, vem pra cá e fica jogando ração para os peixes. Volta pra casa e acabou o estresse."

A água ainda é suficiente para irrigar horta e dar de beber aos animais. Luciano Cordoval diz que a experiência da integração entre barraginhas e lagos abastecidos por cisternas pode ser replicada em toda região de latossolo vermelho e amarelo, que é poroso e predomina no Brasil Central. O modelo pode ser adotado com um pequeno investimento. "Na Fazendinha Pai José, foram feitos mini lagos de 14 metros de diâmetro, por 1,2 metro de profundidade, gastando 4 horas de máquina tipo pá carregadeira e mais 30 metros de lona de 8 metros de largura. O custo fica em torno de 500 reais por lago", orienta o engenheiro agrônomo.

Fonte: Revista H2O


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