Especialistas vão trocar informações para ajudar Inmetro a padronizar mercado de construção sustentável

Data: 19/08/2009

Especialistas vão trocar informações para ajudar Inmetro a padronizar mercado de construção sustentável


Empresários, arquitetos, engenheiros, ambientalistas e pesquisadores propuseram a criação de um sistema de trocas de informações, com o objetivo de suprir o Instituto Nacional de Metrologia e Normatização (Inmetro) com subsídios para normatizar e popularizar produtos e sistemas de construção que tenham menor impacto ambiental, apurou a Revista Sustentabilidade.
A proposta foi feita durante o Painel Setorial de Sustentabilidade na Construção Civil, realizado no dia 6 de agosto, na sede do Inmetro no Rio de Janeiro, e que contou com a presença de cerca de 200 pessoas.

"Não basta mostrar que o produto é seguro, nós temos que evidenciar que ele também foi produzido de forma alinhada aos conceitos estabelecidos. É preciso provar que ele é capaz de se manter em seus aspectos sociais, ambientais, econômicos...", disse Alfredo Lobo, diretor de Qualidade do Inmetro.

A ideia é a de que o processo de troca de informações ajude na análise dos produtos, a fim de permitir ao Inmetro aprovar padrões que possam obter reconhecimento internacional, facilitando sua exportação.

"A construção civil tem hoje, no Brasil e no mundo, uma notoriedade muito grande. Logo, para que não haja falhas nesse processo, é preciso se discutir [mais a questão das confiabilidade dos produtos">", declarou o presidente do Inmetro, João Jornada.

Os epscialistas também discutiram como popularizar projetos e produtos que minimizem os impactos socioambientais.

Segundo os participantes, um dos grandes desafios é buscar meios eficientes de conscientizar a sociedade sobre os males causados ao meio ambiente pelas construções. Entre eles, foram citados os danos causados ao ar, ao solo, os gastos com energia elétrica e o uso abusivo da água. Um dos caminhos sugeridos foi mostrar os benefícios a longo prazo das construções que imbutem tecnologias de menor impacto ambiental.

Um exemplo de sucesso desta nova abordagem é a experiência de programas como o Procel e as campanhas de uso racional de água, apoiados pelo Governo Federal.

"É uma questão de tempo, a lógica do consumidor mudar", disse Fernando Pinto Dias, chefe do Departamento de Projetos de Eficiência Energética da Eletrobrás.

Além disso, os participantes salientaram a necessidade de implementar estes conceitos em projetos de construção populares, a exemplo do Programa Minha Casa, Minha Vida, projeto pelo qual o governo federal visa construir 1 milhão de casas nos próximos anos, permitindo que o debate sobre menor impacto ambiental nas construções não fique restrito apenas aos grandes projetos comerciais.

A Caixa Econômica Federal, banco federal que mais financia o setor habitacional, foi o exemplo mais citado, em função de seu potencial em disseminar informações para as camadas populares. Essa parceria ampliará a ideia da construção sustentável. A única dúvida levantada foi sobre como deixar estes projetos mais acessíveis para a população de baixa renda.

“A proposta das construções sustentáveis tem uma estrutura popular... A ideia é a de se pensar em baratear a construção e a infraestrutura, para que com isso seja reduzido o gasto da família," disse Marcelo Takaoka, presidente do Conselho Brasileiro de Construção Civil Sustentável (CBCS).

De acordo com o Inmetro, as casas não só precisam ser construídas de maneira adequada, mas precisam, principalmente, ser mantidas de forma adequada.

"O desafio é fazer uma construção autosustentável. Em cada projeto é preciso pensar na construção, no uso e no usuário", disse a engenheira, Carla Araujo Sautchuk, gerente do Núcleo de Engenharia de Sistemas Prediais da consultoria Tecnologia de Sistemas em Engenharia (Tesis).

No final, segundo sugeriu Newton Amaral Figueiredo, diretor da Sustentax, empresa de consultoria em empreendimentos sustentáveis, é preciso identificar quais as medidas necessárias para inclusão social e melhora do desempenho das residências populares.

"É preciso adequar os projetos, de maneira que, quem vá residir nestas casas possa arcar, mesmo que minimamente, com os gastos que ela vai gerar," disse. "Às vezes, as pessoas pagam valores absurdos por quererem usufruir de uma área verde e nem sempre o 'parece verde' é sinônimo de sustentável".

Fonte: Revista Sustentabilidade


< voltar