Odebrecht cria empresa para área de saneamento

Data: 18/08/2009

Odebrecht cria empresa para área de saneamento


A Odebrecht decidiu apostar alto nas oportunidades de negócios do setor de engenharia ambiental (resíduos e efluentes industriais, saneamento básico e resíduos urbanos). A estratégia foi iniciada ontem, com o lançamento da nova marca Foz do Brasil, que vai englobar todos os contratos de concessão, de Parcerias Público-Privadas (PPP) e de prestação de serviços do grupo nesse segmento. Nos próximos cinco anos, a empresa pretende investir R$ 3,6 bilhões para ampliar a participação no mercado nacional.

Parte desse dinheiro virá dos negócios em operação. Outra parcela será de financiamentos da Caixa Econômica Federal, do BNDES e da International Finance Corporation (IFC), braço financeiro do Banco Mundial. Segundo informações de mercado, a instituição acaba de finalizar um processo de due diligence (auditoria) para o financiamento de US$ 50 milhões, em moeda local.

Além disso, a Foz do Brasil está à procura de sócios no mercado. "Hoje, 100% da empresa é da Odebrecht. A intenção é ter uma fatia entre 20% e 30% nas mãos de parceiros", afirma o presidente da empresa, Fernando Santos Reis. Segundo ele, já foram iniciadas algumas conversas com fundos de investimentos, que estão interessados em ampliar a participação em infraestrutura. "Ainda não fechamos nada. Mas estamos em entendimentos."

Dependendo da demanda do setor, Reis não descarta a abertura de capital da empresa. Mas esse é um plano voltado mais para o futuro, depois que as outras alternativas se esgotarem. A previsão da Foz do Brasil é conseguir fechar 2010 com faturamento de R$ 750 milhões, proveniente dos contratos em operação (60% da área de saneamento básico e 40% da área industrial). No setor de água e esgoto, a empresa atende 19 municípios (ou 3 milhões de pessoas) em São Paulo, Espírito Santo, Bahia e Rio.

No setor industrial, que inclui o tratamento de resíduos e efluentes industriais, monitoramento ambiental, reúso de água e soluções para áreas contaminadas, são atendidos clientes como Petrobrás, Braskem, Dow Química, Dupont, Rhodia e ThyssenKrupp, entre outros.

O último contrato firmado pela empresa refere-se a um grande projeto de água de reúso que vai abastecer o Polo Petroquímico do ABC. Chamado de Aquapolo, o empreendimento será construído em parceria com a Sabesp, companhia de saneamento de São Paulo, e exigirá investimentos da ordem de R$ 120 milhões. O projeto, que deverá entrar em operação em 2012, consiste no tratamento de água na Estação de Tratamento de Esgoto do ABC e a construção de uma adutora de 16,5 quilômetros de extensão. O contrato terá prazo de 24 anos.

Segundo Reis, o projeto será feito com capacidade para atender outras empresas, além do Polo Petroquímico do ABC. "Esse é um segmento que há até bem pouco tempo não era tão popular, mas que começa a ganhar impulso e interesse por parte de grandes companhias, que é o público que nos interessa." O executivo destaca que o objetivo da Foz do Brasil é trabalhar projetos como o Aquapolo em parceria com as companhias estaduais. "Não temos intenção de disputar com essas empresas, mas de nos associarmos a elas."

LICITAÇÕES

De qualquer forma, a companhia não ficará de fora das grandes licitações que ocorrerão no setor, independentemente de ter parceiro ou não. Em saneamento básico, há um grande número de contratos de concessão vencendo entre este ano e o próximo. Boa parte deles continuará com as empresas estaduais, a exemplo do que tem ocorrido com a Sabesp. Mas alguns contratos estão sendo abocanhados pela iniciativa privada.

O presidente da Foz do Brasil diz que o setor ainda tem pouca participação privada. Mas, com o novo marco regulatório e a carência de investimento no setor, o quadro começa a mudar e atrair a iniciativa privada. Os investidores estão de olho em dados como o de acesso ao saneamento básico, que no Brasil chega a apenas 77% da população.

NÚMEROS

R$ 750 milhões é a previsão de faturamento da empresa em 2010

3 milhões de pessoas são atendidas pela área de água e esgoto da empresa, em 19 municípios de São Paulo, Espírito Santo, Bahia e Rio de Janeiro

R$ 3,6 bilhões devem ser investidos pela empresa nos próximos cinco anos, para aumentar sua participação no mercado nacional

US$ 50 milhões em financiamento devem ser oferecidos pelo IFC, segundo fontes

Fonte: O Estado de S. Paulo


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