Sustentabilidade 2009: É hora de fazer acontecer

Data: 06/08/2009

Sustentabilidade 2009: É hora de fazer acontecer


Evento internacional promovido pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) em São Paulo reúne especialistas de diversas partes do mundo com um mesmo recado: não é mais hora de diagnósticos, chegou o tempo de fazer acontecer a sustentabilidade.

O cenário não poderia ser mais apropriado: o TUCA, Teatro da PUC, em São Paulo, palco da resistência democrática à ditadura que assolou o Brasil de 1964 a 1986. O discurso também não poderia ser mais adequado, um chamado à subversão como forma de luta e resgate de valores que não podem ser esquecidos. Nunca a humanidade enfrentou um desafio tão global e onipresente. Os problemas ambientais e de gestão, seja pública ou empresarial, estão no foco do desenvolvimento humano nas próximas décadas ou séculos. As respostas para questões como aquecimento global ou uso irresponsável dos recursos naturais exigem inovação de tecnologias e mentes. Fernando Almeida, presidente do CEBDS, foi enfático durante a abertura do 3° Congresso Internacional sobre Desenvolvimento Sustentável - Sustentável 2009: “A dureza do dia a dia não pode ser usada como desculpa para ignorar a urgência dos desafios socioambientais”. Almeida sobe o tom ao dizer que não está tudo bem, as mudanças climáticas o aquecimento global, a água, a pobreza e os direitos humanos são testemunhos da necessidade de mudanças.

Para abrir os debates do Sustentável 2009 pode-se ouvir uma das vozes mais lúcidas do planeta, a de Achim Steiner, o jovem diretor executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), para quem o mundo está entrando em uma nova era, onde as questões ambientais e sociais não podem ser esquecidas nos planos de governos ou empresas. Aliás, o diretor do Pnuma salientou que a transformação de boas práticas empresariais em políticas públicas, através de parcerias entre os diversos níveis de administração pública e as empresas e ONGs é um dos caminhos mais eficazes para a construção de um futuro sustentável para o planeta.

Steiner repetiu o alerta que vem sendo feito por milhares de mentes lúcidas ao redor do mundo: “é preciso estancar o crescimento das emissões de CO2 em no máximo 5 a 7 anos”. Ele aposta em uma economia verde, baseada em novas tecnologias para a geração de energia e produção de alimentos, onde as florestas sejam parte de um processo de geração de riqueza baseado na diversidade biológica. “Esta economia verde está repleta de oportunidades para empresas e empreendedores, são desafios em quase todas as áreas, baseados na inovação, no conhecimento e na ciência”, diz.

Uma das questões fundamentais para o desenvolvimento de uma nova economia, segundo Steiner, é definir onde estão as prioridades. Ele alerta que o mundo desembolsou mais de US$ 3 trilhões para salvar empresas financeiras, montadoras de carros e outros negócios da velha economia da bancarrota. Para ele isso demonstrou a capacidade de mobilização da humanidade e dos Estados quando interesses que são considerados relevantes estão em jogo. Então, é preciso convencer o mundo de que as questões ambientais e de inclusão de uma grande parcela da humanidade nos benefícios de uma sociedade moderna são urgentes. “Estamos salvando a economia do ontem e não estamos apostando quase nada na economia do amanhã”, diz o diretor do Pnuma.

As escolhas feitas no passado trouxeram o mundo ao atual estágio de desenvolvimento econômico, com energias geradas a partir de combustíveis fósseis. “As escolhas que estamos fazendo hoje vão nos levar à economia que teremos no futuro”, explica Steiner com lógica e inglês impecáveis. Ele segue sua lista de alertas falando da universalidade dos problemas que são provocados pelas mudanças climáticas, que não escolhem ricos ou pobres para impactar, da insustentabilidade da devastação das florestas e do colapso dos recursos de pesca nos oceanos, onde além da descarga permanente de poluentes por parte de quase todos os países do mundo, existe uma sobre pesca de dezenas de espécies, que estão sendo levadas à extinção simplesmente para reforçar o balanço trimestral de algumas empresas. “Necessitamos de limites, não necessariamente ao crescimento econômico, mas à estupidez”, diz enfático um dos homens mais bem informados sobre o atual estado ambiental do planeta. E conclui: “Temos a tecnologia e os recursos necessários para agir, temos de agir”.

O Sustentável 2009 acontece até quinta-feira (06/08). Para saber mais, acesse o site: http://www.sustentavel.org.br (Envolverde)

* Dal Marcondes é diretor da Envolverde.




< voltar