Estudo calcula sedimentos no Lago Paranoá

Data: 06/08/2009

Estudo calcula sedimentos no Lago Paranoá


Um estudo inédito da Universidade de Brasília vai revelar o acúmulo de sedimentos e o volume de água do Lago Paranoá, entre outras informações. Os dados sobre assoreamento têm impacto direto sobre segurança na navegação, além de definir a capacidade de reserva de água na Bacia do Paranoá.

O estudo, iniciado em 2008, fará uma varredura completa do fundo do lago, incluindo coleta de dados sobre a composição do solo e suas estruturas. O panorama completo sobre assoreamento vai permitir a atualização da carta batimétrica do lago.

Segundo o professor Marco Ianniruberto, do Instituto de Geociências, um dos coordenadores do projeto, o assoreamento, decorrente da erosão do solo e das margens da bacia hidrográfica do Lago, intensificado pela ocupação irregular na orla, afeta a capacidade de armazenamento e a qualidade da água. “O fenômeno pode trazer poluentes, dejetos humanos e fertilizantes. Esperamos entender essa dinâmica, de onde e quando esses sedimentos vieram”, diz Ianniruberto. “O lago é uma área que tem função paisagística, de geração de energia, lazer e navegabilidade. Nele estão concentrados muitos interesses e potenciais problemas".

O Levantamento Geofísico e Geomorfológico do Lago Paranoá, desenvolvido em parceria com a Marinha, a Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) e a Fundação de Apoio à Pesquisa do DF (FAPDF), mobiliza professores, mestrandos e estudantes de graduação do Instituto de Geociências da UnB. O estudo envolve pesquisas de mestrado e de iniciação científica. A equipe de pesquisadores iniciou o trabalho de campo no dia 26 de janeiro e mapeou toda a região central e norte do lago, ou cerca de 70% da área. A estimativa é finalizar a primeira etapa da atividade em 10 dias.

O Lago Paranoá tem a terceira maior frota de barcos de passeio do país, atrás somente de Santos e Rio de Janeiro. A navegação dessas embarcações é prejudicada pela formação de bancos de sedimentos, que torna o lago mais raso. Os resultados do estudo serão comparados à informações da carta náutica do lago, desenvolvida pela Marinha em 1979 e usada até hoje.

Será possível descobrir áreas com maior acúmulo de sedimentos, além de conhecer o porquê do fenômeno. “Precisamos saber qual o impacto ambiental do crescimento desordenado da cidade sobre o lago”, afirma o mestrando em Geociências Paulo Henrique Menezes, de 26 anos. “O Paranoá pode ser um reservatório para abastecimento público de água no futuro. O trabalho permite saber como está a qualidade da água e tentar ampliar a vida útil do lago”, afirma o pesquisador.

O estudo usa técnicas modernas de sensoriamento remoto. Uma lancha de apoio ao ensino e patrulha da Marinha foi equipada com sensores. Os pesquisadores começam o trabalho calculando a velocidade de propagação do som na água com uma sonda.

Depois, com a lancha em movimento, o sensor principal, chamado de ecobatímetro multifeixe, envia ondas sonoras ao fundo do lago. As ondas batem no fundo e retornam à superfície, quando são captadas novamente pelo sensor e é calculada a profundidade. O aparelho permite fazer uma varredura em tempo real de uma faixa que atinge até 200 metros de largura.

Na embarcação, os pesquisadores acompanham a coleta dos dados em dois computadores. O equipamento está ligado a um aparelho GPS, que permite traçar as rotas e coordenadas da área amostrada. As ondas no lago não afetam o trabalho, pois há no barco outro sensor que calcula e minimiza as oscilações sobre os dados coletados.

A próxima etapa do trabalho de campo utilizará outro aparelho, o sensor perfilador de subfundo, para identificar as camadas de segmentos em regiões críticas e de interesse da pesquisa.


Fonte: Agua On Line


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