Fábricas brasileiras ainda mantêm benzeno em refrigerantes

Data: 05/08/2009

Fábricas brasileiras ainda mantêm benzeno em refrigerantes


Três meses após a denúncia de uma associação de defesa dos consumidores sobre a presença de benzeno nos refrigerantes vendidos no Brasil, os fabricantes e as agências reguladoras ainda não tomaram as providências necessárias e os brasileiros que consomem este tipo de bebida continuam ingerindo esta substância comprovadamente cancerígena.

Segundo reportagem da Agência Brasil, os resultados dos testes feitos pela Pro Teste em maio deste ano que denunciaram a presença de benzeno em sete das 24 amostras submetidas a análise ainda não surtiram efeito nos produtos vendidos aos consumidores brasileiros. Os fabricantes aceitaram a denúncia e alegaram que cumprem os requisitos contidos na legislação brasileira que não estabelece limite oficial para a quantidade de benzeno nos refrigerantes.

As marcas de refrigerantes que revelaram indícios de benzeno nos testes da Pro Teste foram: Fanta Laranja, Fanta Laranja Light, Sukita, Sukita Zero, Sprite Zero, Dolly Guaraná e Dolly Guaraná Light.

"O assunto é sério. Muitas pessoas consomem refrigerantes e já que constatamos a presença de benzeno em algumas bebidas, há uma responsabilidade muito grande dos órgãos reguladores e da indústria", disse a coordenadora da Pro Teste, Maria Inês Dolci, em declarações à Agência Brasil.

Apesar de em 2003 a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), responsável pelo controle e fiscalização dos produtos e serviços que envolvam risco à saúde pública, ter proibido a fabricação, distribuição e comercialização de produtos que contenham benzeno, caracterizado pela International Agency Research on Cancer (Iarc) como "comprovadamente cancerígena", ainda não existe uma legislação específica no Brasil para a presença desta substância em refrigerantes. Deste modo, os pesquisadores responsáveis pelos testes tiveram que se basear nos parâmetros legais sobre a presença de benzeno na água para definir uma referencial no caso dos refrigerantes.

O Ministério da Agricultura, responsável pelo registro das marcas de refrigerantes, informa que é possível que o benzeno se forme a partir da reação entre ácido benzóico e o antioxidante ácido ascórbico. A Anvisa, por sua vez, alega que é necessário checar se os limites destes aditivos estão de acordo com os limites permitidos pelo Ministério.

"Esperamos que sejam adotadas as medidas cabíveis para que seja proibida a presença de benzeno nas bebidas. Sugerimos que os fabricantes substituam um dos dois ácidos do processo industrial e que os órgãos competentes elaborem uma legislação específica que proíba a presença do benzeno em refrigerantes", acrescentou a Maria Inês Dolci.

Em resposta enviada à Pro Teste, o Ministério da Agricultura garantiu que está adotando "as medidas necessárias para desenvolver uma metodologia capaz de detectar a presença do benzeno em bebidas".
Redação Terra
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