Previnir, remediar ou sucumbir?

Data: 15/07/2009

Previnir, remediar ou sucumbir?


Estamos todos cansados de saber que a prevenção é, senão a única, a mais importante das soluções para muitas das apreensões que nos afligem. A questão da saúde, por exemplo, existe alguma dúvida na cabeça das pessoas de que a prevenção é muito mais efetiva e mais barata do que o remédio, o hospital ou, no pior dos quadros, a morte? Me parece que não. Muito embora hoje, nesta área, tenha-se evoluído bastante com as vacinas, os postos de saúde, a adição de flúor à água, entre outros, há ainda muito por ser feito.
E na questão da sustentabilidade, como está o nosso desempenho quanto à prevenção do que poderá ocorrer no futuro? Na minha opinião, beiramos os limites da irresponsabilidade, pois mesmo sabendo dos efeitos maléficos causados pelos gases de efeito estufa, eles continuam sendo emitidos de forma crescente e, apesar das consequências claras na natureza, como as mudanças climáticas atípicas, nos recusamos a tomar as medidas preventivas necessárias. O desmatamento sem controle e o consumo predatório merecem também uma atenção preventiva muito maior.
Vejamos, por exemplo, a questão social. Hoje no mundo há aproximadamente um bilhão de famintos. Um sexto da população mundial. Não deveríamos ter deixado chegar a este ponto mas, já que chegou, será que estamos fazendo alguma coisa para prevenir um problema ainda maior no futuro? Existe ainda alguma dúvida de que o crescimento populacional, principalmente nas áreas de mais baixa renda, deveria ser melhor planejado? Parece que sim, pois o problema, devido a uma série de inibições sequer é discutido na profundidade que deveria.
Por que, como seres humanos que somos, demoramos tanto a tomar as ações preventivas que sabemos precisam ser tomadas? Na área da sustentabilidade, se não tomarmos as medidas requeridas logo, as conseqüências talvez não sejam possíveis de serem remediadas no futuro.
Já se vê muitos movimentos visando mudar o curso das coisas. São crianças que aprendem na escola a importância da preservação ambiental, são famílias de baixa renda que buscam o planejamento familiar, mas não dispõem de meios para fazê-lo, são governos mais preocupados com o assunto, tudo isto é uma esperança, porém muito longe ainda de ser suficiente. A palavra chave é prevenir para que não seja necessário remediar ou ser obrigado a sucumbir.

(*) Rudolf Höhn é Colunista de Plurale, colaborando com um artigo por mês. É Presidente do Conselho de Responsabilidade Social da ACRJ, Presidente da ONG Ação Comunitária e Sócio-Diretor da E-Hunter. Foi presidente da IBM no Brasil.

Fonte: Plurale



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