Piora a qualidade da água subterrânea

Data: 26/06/2009

Piora a qualidade da água subterrânea


A qualidade da água na região das bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ) melhorou ligeiramente, mas a da água subterrânea piorou nos últimos dois anos, de acordo com dados preliminares do relatório da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb).

Hoje, apenas 66,7% da água subterrânea é potável — 33,3% está contaminada, especialmente com fluoreto, manganês, bactérias e coliformes. Em 2006, 91,3% estava boa. Essa contaminação é causada por esgoto doméstico não tratado, fossas e fertilizantes usados na agricultura.

O manganês em excesso pode provocar distúrbios do sono, dores musculares, dificuldade de fala e tremor. O flúor, essencial à saúde, quando ingerido em excesso, provoca fluorose dental (os dentes ficam manchados e frágeis) e dores nas costas e pescoço.

A presença de coliformes na água não representa, por si só, um perigo, mas indica a possível presença de outros organismos causadores de problemas à saúde. Os principais indicadores de contaminação fecal são as concentrações de coliformes totais e fecais, expressa em número de organismos por 100ml de água — esse índice será divulgado pela Cetesb no relatório final.

Nas águas para abastecimento, o limite de coliformes fecais legalmente tolerável não deve ultrapassar 4 mil por 100ml em 80% das amostras colhidas em qualquer período do ano.

Segundo a Agência de Águas das Bacias PCJ, existem cerca de 3 mil poços cadastrados na região, mas esse número não condiz com a realidade porque há inúmeros usuários em chácaras, sítios e pequenas empresas sem outorga.

A Cetesb infoma que a água subterrânea no Estado é utilizada totalmente ou parcialmente para abastecimento público por cerca de 80% dos municípios, além do uso para irrigação e processos industriais, sendo a principal fonte na região Oeste de São Paulo.

No ano passado, foram monitorados semestralmente mais de 40 parâmetros físico-químicos em 162 poços, utilizados principalmente para abastecimento público e distribuídos em diferentes aquíferos.

O monitoramento permite identificar as concentrações de substâncias acima do padrão de potabilidade, cuja origem pode ser natural, devido às características das rochas constituintes do aquífero, ou antrópicas, causadas pela contaminação por fontes como sistemas de tratamento de esgoto doméstico, atividades industriais, disposição de resíduos no solo, uso de fertilizantes e aplicação de resíduos industriais na agricultura.

A maior parte das não conformidades está relacionada com a existência de ferro, manganês, bactérias heterotróficas e coliformes, parâmetros que podem ser tratados de forma simples para o consumo humano.

Na região Oeste do Estado, é persistente a presença de cromo e nitrato em concentrações acima do padrão de potabilidade, requerendo tratamento de maior custo e complexidade. Esporadicamente, têm sido detectadas as substâncias arsênio, bário e chumbo.

Água das bacias
Relatório da Cetesb mostra também que a situaçãoda água das bacias dos rios PCJ melhorou nos últimos quatro anos e de um índice de qualidade que vai de zero a cem, os municípios saíram de 47 em 2004 para 49 no ano passado. A região, no entanto, ainda está abaixo da média do Estado, de 61.

Composta por 57 cidades, as bacias PCJ compreendem mais de 11% da população paulista e 85% dos habitantes vivem em áreas urbanas. A ligeira melhora na qualidade da água, segundo a Cetesb, deve-se ao crescimento no número de municípios que passaram a tratar o esgoto. A empresa de saneamento criou um indicador de coleta e tratamento de esgoto para medir a situação em cada bacia hidrográfica.

Esse indicador computa coleta, existência e eficiência do sistema de tratamento do esgoto coletado, efetiva remoção da carga orgânica em relação à carga potencial, destinação adequada de lodos e resíduos gerados no tratamento, não desenquadramento da classe do receptor pelo efluente tratado e lançamento direto e indireto de esgotos não tratados. O indicador vai de zero a dez. A região das bacias PCJ está com 4,4.

Poço abastece famílias na área do São Marcos
Por causa dos riscos de contaminação, a família de Elisângela Cristina da Costa, que mora no Jardim São Marcos, só utiliza a água do poço para lavar roupa, louça e banho. A água utilizada para beber e cozinhar alimentos, ela vai buscar duas quadras adiante, na casa da mãe, que tem água encanada. “Tenho nojo de beber água do poço, porque a fossa está muito perto.

Deve estar tudo contaminado”, disse. Na casa de Dirce da Silva, no Barro Preto, ao lado do Jardim São Marcos, a água do poço é usada para tudo, sem medo. Uma bomba leva o líquido para a caixa. Segundo ela, já foi realizada análise e não houve problema.

“Aqui não tem água encanada e o jeito é usar o poço”, afirmou. Mas é na casa do casal Lázaro Querino e Josefa da Silva, no Recanto da Fortuna, que o poço recebe todo cuidado para garantir a limpeza da água. A fossa fica longe, o poço permanece todo o tempo tampado e a água é muito limpa. Mesmo assim, antes de ser consumida, é filtrada. “Temos que cuidar bem da água”, disse Lázaro.



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