Meio ambiente é fator relevante em discussão sobre desenvolvimento econômico, diz professor
O desenvolvimento econômico não pode desconsiderar os custos ambientais na avaliação do professor do Instituto de Estudos Socioambientais da Universidade Federal de Goiás (UFG) Laerte Guimarães Ferreira. Ele defende a busca de soluções integradas para as crises econômica, ambiental e social.
Não podemos tratar as crises de forma isolada. Não se pode discutir meio ambiente sem falar de pobreza, sem discutir o modelo econômico vigente. Precisamos de novos paradigmas.
Coordenador dos cursos e das mesas de debates sobre meio ambiente programados para o 11° Festival Internacional de Cinema Ambiental (Fica), Ferreira se define como pragmático em relação ao clássico conflito entre crescimento econômico e preservação ambiental. O desafio de conservar não é fácil. É possível conciliar esses interesses, mas não numa visão romântica, afirmou.
O professor, especialista e defensor do Cerrado, cita o exemplo do bioma para ilustrar a desconexão entre devastação e ganho de qualidade de vida. Segundo ele, mais de 47% do Cerrado foi destruído para dar lugar a pastagens e produção agrícola.
E é muito mais grave quando trazemos à tona o fator desenvolvimento humano: desmatamos muito e em muito pouco tempo e o resultado do ponto de vista social não é visível. Continuamos tendo no Cerrado grandes bolsões de pobreza, desigualdade social. O saldo não foi revertido em desenvolvimento para as populações da região, pondera.
A ideia de que os recursos naturais são infinitos e de que o homem não faz parte da natureza apenas aproveita o que ela tem a oferecer precisa ser reformulada, segundo Ferreira. Quando nós entendermos que o ar puro tem um custo e que está sendo ameaçado, nós começaremos a pensar isso.
Segundo o pesquisador, a grande revolução ambiental deste século é a conscientização. Mais até do que as próprias soluções. Quando nos conscientizamos, passamos a valorizar mais e buscar maneiras de mitigar os impactos ambientais, afirmou.
O processo, segundo Ferreira, inclui desde mudanças individuais, como a adoção de hábitos de consumo sustentável a transformação de práticas tradicionais, como a substituição da pecuária extensiva por modelos com maior produtividade.
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