Pesquisa identifica excesso de alumínio em poços artesianos do Campeche, em Florianópolis

Data: 08/06/2009

Pesquisa identifica excesso de alumínio em poços artesianos do Campeche, em Florianópolis


Uma pesquisa realizada por professores e estudantes do Instituto Federal de Santa Catarina (IF-SC) constatou que a água captada em poços artesianos através do sistema de ponteiras e consumida em residências da região do Campeche, em Florianópolis, possui alta concentração de alumínio.

Pelo sistema de ponteiras, a água do aquífero é captada por bombeamento e enviada às residências, e geralmente é consumida sem nenhum tratamento. A descoberta aconteceu por meio de uma pesquisa coordenada pelas professoras Maria Angelica Marin e Valéria Silva, do Campus Florianópolis.

— Foi durante uma coleta de água, que seria usada para diversas análises, que notamos um nível de acidez muito alta nas amostras. Por isso desconfiamos que poderia haver contaminação por alumínio — explica a professora Maria Angelica.

Para investigar o caso, o Instituto começou um projeto de pesquisa que envolveu uma equipe de professores e estudantes dos cursos técnicos em Meio Ambiente e Saneamento do Campus Florianópolis. Durante seis meses, foram coletadas quinzenalmente amostras de água de cerca de 30 residências, em diversos pontos da região, que utilizam o sistema de poços artesianos.

Foi constatado que, na grande maioria dos domicílios analisados, a água possui concentração de alumínio acima do permitido pela lei, que é de no máximo 0,2 miligrama por litro de água. Durante a pesquisa, foram detectadas amostras com quantidade até 10 vezes maior do que a permitida.

Segundo a professora, o problema não é provocado pela ação do homem. A concentração acima do permitido detectada na água ocorre devido às rochas que se localizam abaixo desses poços. Para que as pessoas não bebam água com excesso de alumínio, ela sugere que seja consumida somente água tratada.

— Esses poços devem ser desativados e sua água utilizada apenas pela concessionária Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan).

Fossas sépticas

Ao mesmo tempo em que foi feita a análise da água dos poços artesianos, a pesquisa também checou as condições das fossas sépticas das residências. Na região do Campeche, grande parte da população não possui sistema público de esgoto, o que leva à construção de fossas sépticas. Essas fossas, quando mal dimensionadas ou instaladas em locais impróprios, podem ser responsáveis pela contaminação dos lençóis freáticos e consequentemente da água consumida pelos habitantes dessa região.

— O que percebemos na pesquisa foi que muitas residências não possuem nem mesmo fossa e seus resíduos são lançados direto no solo ou para o mangue — diz Maria Angelica. Ainda segundo a pesquisa, a manutenção das fossas, que deveria ocorrer semestralmente, geralmente é feita apenas quando há transbordamento dos dejetos ou entupimentos das fossas, aumentando o risco de contaminação da água.

A liberação dos resíduos muitas vezes também é feita de forma inadequada e eles acabam sendo enterrados no próprio terreno ou jogados em terrenos baldios. Como solução para o problema, a professora aponta a implantação e manutenção desse sistema de acordo com as normas vigentes, levando em conta questões como o tamanho e instalação da fossa e sua manutenção e limpeza, que deve ser feita a cada seis meses.

Problemas para a saúde

Segundo a farmacêutica bioquímica Cláudia Figueiredo, a exposição excessiva ao alumínio na água, no ar e nos alimentos pode estar associada ao desenvolvimento de doenças neurológicas, como Parkinson e Alzheimer. A exposição crônica ao metal poderia causar prejuízos ao organismo a longo prazo.




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