Filme brasileiro premiado em Cannes vai compensar emissões

Data: 08/09/2008

Filme brasileiro premiado em Cannes vai compensar emissões


A lógica da compensação é que as árvores, ao crescerem, fixam carbono retirado da atmosfera em forma de biomassa (tronco, folhas e raízes, por exemplo). O gás carbônico é o principal responsável pelo aquecimento global, e compensações desse tipo têm virado uma febre entre as empresas.

O reflorestamento ocorrerá no parque estadual da Pedra Branca, na zona oeste do Rio - apesar de o filme ter sido rodado na periferia paulistana. "A preservação de uma área no Rio, em São Paulo ou na Amazônia é uma ação que acaba afetando positivamente o país como um todo", justifica Salles.

O diretor ressalta ainda que, com a iniciativa, não está apenas neutralizando as emissões de "Linha de Passe", mas também de projetos futuros da Videofilmes. É que cada hectare será capaz de seqüestrar em média 380 toneladas de carbono por ano, bem acima do total emitido durante as filmagens.

Responsabilidade - O cálculo é da Secretaria de Estado do Ambiente do Rio. O órgão está por trás da parceria firmada com o cineasta, que inaugura o chamado Parque do Carbono. O projeto prevê a recuperação de áreas degradadas pela iniciativa privada. Segundo a secretária Marilene Ramos, une o interesse estatal de resgatar a cobertura vegetal nativa à estratégia privada de compensar sua parcela de culpa no aquecimento global.

Culpa que Salles parece já ter reconhecido. "O fato de o cinema ser uma atividade cultural não o isenta de responsabilidades em outras áreas. Poluímos como qualquer outra atividade, porque utilizamos meios de transporte para levar os equipamentos e buscar atores, utilizamos eletricidade e química para revelar o negativo etc.", explica. "Para parafrasear (o filósofo Jean-Paul) Sartre, a gente sempre tende a achar que o inferno é o outro. Na verdade, nós somos parte do problema."

O plantio está previsto para começar em 21 de setembro, Dia da Árvore. Será conduzido pela Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, sob orientação e supervisão do Instituto Estadual de Florestas, ligado à secretaria. Segundo Ramos, serão plantadas cerca de 9.000 mudas de árvores nativas.

Valor - A recuperação e a conservação da área custará a Videofilmes R$ 150 mil. O valor, que não foi incluído no orçamento do "Linha de Passe", representa menos de 3,5% do custo total do longa, de R$ 4,5 milhões, e será desembolsado ao longo dos próximos quatro anos. Nesse período, explica Ramos, a empresa contratada pela produtora terá que zelar pelo crescimento das mudas, substituindo as que não vingarem.



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