Esgoto e desmatamento ameaçam igarapés da Amazônia

Data: 12/05/2009

Esgoto e desmatamento ameaçam igarapés da Amazônia


Os pequenos córregos de onde nasce a maioria dos rios na Amazônia estão ameaçados. Esgoto, desmatamento, barragens irregulares, construção de estradas e garimpos matam aos poucos os igarapés, comprometem a qualidade da água e acabam com os pequenos animais que vivem nesses cursos d’água.

"Em última análise, todo rio começa como um pequeno igarapé. A importância ecológica [dos igarapés"> já começa por aí: impactar esses ambientes afeta toda a bacia. É o que acontece hoje no Xingu, onde o corpo do rio é protegido, mas as cabeceiras estão sendo ameaçadas”, afirma o biólogo, Jansen Zuanon, pesquisador do Projeto Igarapés, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).

Segundo o biólogo, conservar os igarapés ajuda a diminuir a poluição ao longo dos rios. “Proteger as cabeceiras faz com que aumentem as chances de ter água limpa por mais tempo, até mesmo diminuindo o efeito negativo da poluição rio abaixo”, afirma.

Esgoto nas cidades - Um dos locais onde os igarapés estão mais ameaçados é nas grandes cidades. Há acúmulo de lixo, esgoto doméstico e canalização dos pequenos rios. “Na maior parte de Manaus o esgoto não é tratado. Há muitas invasões, mas também o hábito de morar na beira dos igarapés”, relata Zuanon.

Segundo o cientista, na capital amazonense também há problemas com esgoto industrial. “Às vezes os igarapés de Manaus aparecem tingidos por dejetos industriais clandestinos.”

Desmatamento - Outro grande destruidor de igarapés é o desmatamento. Quando a mata é retirada, as chuvas levam areia para o leito dos rios, deixando-os mais rasos. Além disso, a falta de vegetação na beira d’água aumenta a temperatura dos córregos, impedindo que animais vivam ali. “A fauna praticamente desaparece”, afirma o pesquisador do Inpa.

Barragens - As pequenas barragens clandestinas também colaboram para piorar a qualidade da água. Quando o rio é represado, muitas árvores morrem, formando o chamado “paliteiro” – um conjunto de troncos secos.

“Quando acontecem rompimentos [das barragens">, desce água, lama e muitos peixes rio abaixo de uma vez só, causando impacto ambiental”, conta Zuanon.

Estradas - O fenômeno dos paliteiros se repete se as estradas são feitas sem planejamento. Quando é necessário passar por um igarapé, o terreno é aterrado, formando uma barragem. “Na BR-174 [que liga Manaus a Pacaraima, em Roraima"> esse é o quadro mais comum. De um lado fica um lago com paliteiro, e no outro um igarapé extremamente assoreado.”




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