Lodo de esgoto é distribuído a agricultores do Norte do Paraná

Data: 11/05/2009

Lodo de esgoto é distribuído a agricultores do Norte do Paraná


A partir deste ano, a Sanepar vai distribuir lodo de esgoto ou biossólido para uso agrícola na região do Norte do Estado. Agricultores de Londrina, em parceria com a Emater, terão disponíveis 300 metros cúbicos do produto, já higienizados com cal. A Sanepar e a Emater definiram critérios e cronograma da distribuição e aplicação do lodo. O produto já é utilizado por agricultores na Região Metropolitana de Curitiba, com ganho de produtividade que varia de 30 a 40% e economia média na compra de adubos químicos e calcário de R$ 500,00.

As Estações de Tratamento de Esgoto (ETE) de Londrina e Cambé geram, por ano, cerca de 9 mil toneladas de lodo (15 mil metros cúbicos). Nas ETEs Norte e Sul estão sendo implantadas Unidades de Gerenciamento do Lodo (UGL), que irão operar o processo de destino do lodo para agricultura: secagem, higienização do produto, e coleta de amostras para análises, a fim de comprovar a qualidade.

Em Londrina, já foi concluída a distribuição do primeiro lote de lodo de esgoto da ETE Sul. O sítio Ventania, no Patrimônio Maravilha, de propriedade de Cláudio Aparecido Alves, recebeu 216 metros cúbicos de lodo. O agricultor Guilherme Antônio Pieroli, do sítio Santo Antônio, no Patrimônio Regina, já incorporou 94 metros cúbicos de lodo na cultura do milho. “Como quero diminuir o uso de adubo químico, o lodo é uma alternativa vantajosa por ter nutrientes e ser gratuito”, disse. O segundo lote da ETE Sul, de 131 metros cúbicos, já passou pelo processo de calagem e sua amostra já foi encaminhada para análise laboratorial.

RMC – Segundo a Assessoria de Pesquisa e Desenvolvimento da Sanepar, na Região Metropolitana de Curitiba já foram aplicadas 105 mil toneladas de lodo de esgoto, entre 2000 a 2008, beneficiando 120 agricultores. Em 2008, foram cerca de 26.400 toneladas para 27 agricultores. Além da capital, o programa tem resultados práticos também em Foz do Iguaçu, com 912 toneladas destinadas até 2008.
Atualmente existem UGLs licenciadas nas regionais de Curitiba, Foz do Iguaçu, Londrina, Pato Branco, Ponta Grossa, Arapongas, Santo Antônio da Platina e Umuarama. Nas demais regionais do Estado, as UGLs encontram-se em processo de licenciamento ambiental.

O biossólido ou lodo de esgoto é um resíduo sólido resultante do tratamento do esgoto doméstico. Por ser rico em matéria orgânica e ter quantidades significativas de nutrientes, como o nitrogênio, pode ser usado para grandes culturas, como soja, milho e trigo. Porém, não é indicado para hortaliças e para cultura em que a parte comestível tem contato direto com o solo, como batata e mandioca.

PROGRAMA - O programa de reciclagem do lodo para a agricultura obedece a todas as exigências ambientais. Cada lote é previamente analisado e só é liberado se atender os padrões definidos. O procedimento tem autorização do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) e tem acompanhamento técnico por agrônomos da Emater.

São feitas análises microbiológicas e de metais pesados antes da liberação do produto para a agricultura. Estas análises garantem que o lodo está dentro dos critérios sanitários e ambientais estabelecidos. Também em cada área agrícola que recebe o lodo de esgoto são realizadas análises de solo para determinar a quantidade do fertilizante que será aplicado. Os agrônomos da Emater orientam, ainda, sobre o modo de aplicação e restrições de locais. Os coordenadores da Emater e da Sanepar registram Anotações de Responsabilidade Técnica sobre este processo, junto ao CREA.

O lodo também possui fósforo, além de alguns micronutrientes importantes para as plantas. Como o processo de higienização geralmente utiliza cal, o produto pode substituir o calcário usado pelos agricultores para corrigir a acidez do solo. Portanto, a Sanepar está seguindo as diretrizes estabelecidas pela Agenda 21, que recomenda a reciclagem como alternativa indicada para a gestão de resíduo quando a qualidade é compatível.

O Programa foi desenvolvido com a participação de mais de 200 pesquisadores de 27 instituições, como a Universidade Federal do Paraná (UFPR), PUC-PR, Universidade Estadual de Londrina (UEL), Senai-Cetsam, Emater, Tecpar e Embrapa, além das principais universidades de nove estados de todas as regiões do País.

Todo o processo conta com licenciamento do IAP, além da autorização do Ministério da Agricultura. Para o processo de licenciamento segue as determinações das resoluções Conama 375/06 (Conselho Nacional do Meio Ambiente) e Sema 001/07 (Secretaria de Estado do Meio Ambiente).

PRÊMIO – Essa pesquisa da Sanepar foi a grande vencedora do Prêmio Finep de Inovação Tecnológica, na categoria Processo, em dezembro de 2007, concorrendo com outros 114 projetos de todo o País. Trata-se da principal premiação para a pesquisa do Brasil, promovido pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia.



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