Saneamento: muito a ser feito
Uma cidade, para se tornar grande, precisa investir no básico. Na lista de prioridade, o saneamento é tão importante quanto educação e saúde. Pesquisas recentes reforçam essa afirmação
Por Adriano Gagliardi Colabono*
Um estudo inédito sobre desenvolvimento urbano, denominado How to make a city great (Como fazer uma grande cidade) apontou algo já sabido, mas que não custa nada relembrar e, se possível, a todo o momento: uma grande cidade, para ser bem-sucedida, deve se destacar por três aspectos economia, meio ambiente e sociedade. Outra constatação da pesquisa, e algo largamente discutido, é que não dá para ser uma grande cidade se não começar cuidando das questões primárias.
Os três aspectos destacados no estudo realizado pela consultoria global McKinsey, fomentam características decisivas para a cidade que tem como meta ser grande e não é no sentido físico: capacidade de buscar crescimento inteligente e fazer mais com menos. Mas para se chegar ao objetivo é preciso foco no planejamento da cidade em si e de sua região metropolitana, na integração com o meio ambiente e na concepção de que todos devam se beneficiar da prosperidade do lugar.
Esse tipo de constatação trazido à tona pelo levantamento só reforça que o básico não pode ser deixado de lado e que para ser uma grande cidade é preciso crescer; e só se cresce de forma saudável investindo, também, no bem-estar da população. Mas nem sempre é isso o que se vê em tantos e tantos municípios do extenso território brasileiro, que não terão a mínima chance de serem grandes cidades se não fizerem a lição de casa como se deve.
Começar pelo básico e essencial é indiscutivelmente o melhor dos caminhos. E quando falamos em básico, saneamento é mandatório, afinal, é um tema tão relevante para uma cidade e sua população quanto educação e saúde. E mais: o saneamento é um direito essencial garantido constitucionalmente no Brasil. Esse reconhecimento legal é reflexo das profundas implicações desses serviços para a saúde pública e do ambiente à medida que sua carência pode influenciar de forma negativa campos como educação, trabalho, economia, biodiversidade etc. Mais uma prova de que o resultado do estudo que tratamos acima é urgente.
Ao observarmos os últimos números anunciados, mais uma vez nos deparamos com tal realidade. Embora os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apresentados recentemente, tenham mostrado evolução para 1,5 milhão o número de domicílios atendidos com rede coletora de esgoto no ano de 2013, ainda há muito que se fazer.
Mesmo com o aumento na proporção de domicílios que dispunham de saneamento básico em todas as regiões do país, de 63,3% em 2012 para 64,3% em 2013, atingindo 41,9 milhões de unidades atendidas, de acordo com a Pnad, os avanços são considerados lentos. O déficit na rede coletora de esgoto de 40,9% registrado em 2009, passados cinco anos, ainda está na casa dos 35%.
Mais um estudo recente Ranking do Saneamento Básico nas 100 Maiores Cidades do país com base no Sistema Nacional de Informação sobre Saneamento (SNIS 2012) , divulgado em agosto último pelo Instituto Trata Brasil, reforça esse fato. A média de população atendida por coleta de esgotos nos 100 locais pesquisados em 2012 foi de 62,46%. Quase 40 cidades possuem mais de 80% da população com coleta, entretanto, em 29% dos municípios, menos de 40% das pessoas têm acesso ao serviço.
Contra os números não há o que negar. Eles revelam que os avanços nos serviços de água e esgotos, assim como na redução das perdas de água nas 100 maiores cidades, continuam lentos. Atentem para este dado: o volume de esgotos não tratados nesses lugares, portanto descartados por dia na natureza, foi de 2.959 piscinas olímpicas. Isso mostra que a falta de saneamento, além de um problema de saúde pública, continuará prejudicando a quantidade e qualidade dos recursos hídricos brasileiros. O ponto crucial é que, a se manterem os mesmos níveis de evolução encontrados de 2008 a 2012, não ocorrerá a tão sonhada universalização dos serviços em 20 anos! Assim, de volta ao começo, fica mais do que comprovado: é inviável a uma cidade querer se tonar grande sem atender o básico de seus munícipes.
As pedras desse caminho são grandes, mas existe solução. Empresas especializadas em tecnologias para saneamento podem oferecer a assessoria para a realização de projetos de saneamento por meio da disponibilidade de experiências, produtos, profissionais qualificados, estrutura pré e pós-instalação e soluções integradas, que atendam a municípios de diversos tamanhos e variadas necessidades.
* Adriano Gagliardi Colabono é Supervisor Comercial da Unidade de Negócios Mizumo.
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