Embrapa avança com pesquisas para transformar microalgas em etanol celulósico

Data: 24/09/2014


Um estudo da Embrapa Agroenergia está tentando usar microalgas como biofábricas de um grupo de enzimas essencial para produzir o chamado etanol celulósico, também conhecido como etanol 2G, de segunda geração.

O etanol celulósico é oriundo de materiais sólidos como bagaços, resíduos de madeira e capins. Para tanto, a celulose desses materiais precisa ser “quebrada” até que sejam obtidas moléculas de glicose, que depois serão fermentadas para dar origem ao etanol. As enzimas que os pesquisadores querem produzir com microalgas são as betaglicosidases, responsáveis pela última etapa de “quebra” da celulose.

Assim como os outros dois grupos de enzimas utilizadas na fabricação de etanol 2G, hoje, as betaglicosidases são produzidas principalmente por fungos. A expectativa dos cientistas é que, obtê-las de microalgas reduza o custo. O cultivo de fungos exige o fornecimento de alguma fonte de açúcar.

As microalgas, por sua vez, realizam fotossíntese e, portanto, só precisam de luz e gás carbônico. Além disso, elas excretariam as enzimas no meio líquido em que forem cultivadas, o qual poderia, então, ser aplicado diretamente na biomassa pré-tratada. O problema é que não se conhece microalgas produtoras de enzimas. Por isso, os cientistas da Embrapa estão modificando geneticamente uma linhagem delas, utilizando genes da biblioteca metagenômica da Embrapa Agroenergia.

Mas pesquisadores e cientistas encontram dificuldade no conhecimento da genética das microalgas pois ainda é pequeno, principalmente se comparado com o de fungos. “Temos mais esse desafio, mas esperamos chegar a um modelo mais eficiente do que o tradicional”, explica o pesquisador e líder do projeto da Embrapa Agroenergia, Bruno Brasil.

Para este projeto de pesquisa, a Embrapa Agroenergia conta com recursos do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e está negociando uma parceria com a FURG (Fundação Universidade Federal do Rio Grande).

Embrapa avança em pesquisas com microalgas

A Embrapa também está desenvolvendo tecnologia para cultivar microalgas em um efluente da produção de etanol – a vinhaça –, com o objetivo de obter matéria-prima para biocombustíveis. Os cientistas já estruturaram uma coleção com 50 cepas de microalgas, das quais quatro são capazes de crescer em vinhaça. A equipe, agora, está trabalhando no sequenciamento do genoma das linhagens mais promissoras e na caracterização da biomassa por elas produzida.

CeluloseOnline


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