Ameaças à conservação de áreas úmidas na Bacia do Rio dos Sinos

Data: 27/08/2014

A presença humana, mesmo que em pequena escala, pode ser uma ameaça à conservação de áreas úmidas e de seus entornos. A pesquisadora da Unisinos, Luciana Paulo Gomes, doutora em Engenharia Civil, está desenvolvendo um trabalho para identificar estas ameaças e propor ferramentas para reduzir os impactos desta atividade humana.

A proposta é de acompanhamento de unidades experimentais, oferecendo alternativas para tratar resíduos sólidos e líquidos gerados pela comunidade em atividades próximas a áreas úmidas estudadas no projeto ora proposto. “Avaliação de ciclo sanitário ambiental em área adjacente às áreas úmidas na Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos – CISAAU” é o título da pesquisa, que faz parte do Projeto Verdesinos, que tem o patrocínio da Petrobras e realização coordenada pelo Comitesinos.

A pesquisadora observa que “a implementação de ferramentas de saneamento ambiental reduz os impactos negativos causados pelo homem na utilização dos recursos naturais”. Destaca que estes impactos são causados por ações como o descarte irregular de resíduos sólidos e o lançamento de efluentes sem qualquer tratamento em corpos d´água.

A proposta do trabalho é implantar unidades piloto de tratamento que serão operadas em ciclos fechados, sustentáveis. Para verificar se os sistemas apresentam bons resultados, acontecerá a avaliação ambiental do entorno antes, durante e depois dessa implantação.

O objetivo, ressalta Luciana, é minimizar a geração, bem como oferecer a disposição segura e ambientalmente aceitável de resíduos e efluentes líquidos em áreas onde as atividades humanas foram mal localizadas e estão impactando as áreas úmidas. Adiciona que “avaliações dos resíduos, líquidos e gases gerados são a partida para o dimensionamento e avaliação de sistemas de saneamento”.

Neste trabalho será monitorada a geração de resíduos sólidos urbanos (lixo), efluentes líquidos domésticos (esgoto), restos de podas e água de chuva. Para o gerenciamento preventivo desses resíduos e efluentes líquidos é proposta a implantação, montagens e monitoramento de diferentes unidades de tratamento: biodigestor, sistema fossa séptica com filtro anaeróbio, triturador para restos de podas e resíduos sólidos domésticos, sistema de compostagem e sistema de reuso de água de chuva.

Além de tratar os resíduos sólidos e líquidos, todas as unidades geradoras de biogás estarão conectadas para um sistema de aproveitamento e transformação dessa fonte energética em recurso utilizável pela comunidade local.

Um dos caminhos apontado por Luciana é a reciclagem agrícola do lodo, que é a alternativa de menor impacto para sua disposição final, proporcionando também economia de energia e material natural já que diminui o uso de fertilizantes minerais. Luciana argumenta que “de um modo geral o lodo de esgoto tem grande interesse agrícola por ser rico em nutrientes minerais, principalmente nitrogênio, fósforo e micronutrientes, cujos efeitos no solo se fazem sentir no longo prazo, melhorando também a resistência à erosão e à seca.

Cuidados com contaminações devem ser tomados antes do uso, contudo uma compostagem bem operada elimina os patógenos permitindo o uso do composto em culturas que não consumidas cruas (por exemplo, verduras).

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