Sabesp comemora Réveillon Hidrológico com debate

Data: 06/10/2016
Fonte: Sabesp



A Sabesp comemorou na segunda-feira (3/10) o Réveillon Hidrológico com um debate abordando a crise hídrica, as consequências daquela fase de estiagem e o trabalho de manutenção da segurança das barragens. O encontro no Auditório Tauzer Garcia Quinderé, em Pinheiros, foi mediado pelo presidente da companhia, Jerson Kelman, e comemorou o início do período de chuvas 2016/2017 com uma discussão sobre a importância das obras para garantir o abastecimento mesmo em situações extremas, as dificuldades e desafios para a manutenção das barragens e o alcance da tecnologia na previsão de chuvas e demais fenômenos naturais.

Além de Kelman, participaram do debate o secretário de Saneamento e Recursos Hídricos do Estado, Benedito Braga; o superintendente do Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), Ricardo Borsari; o coordenador de pesquisas do Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (Cemaden), Eduardo Mario Mendiondo; o subdiretor da Defesa Civil do Estado, major Marcos de Paula Barreto; e o coordenador de hidrologia e desastres naturais do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Daniel Andrés Rodriguez.

O encontro foi aberto pelo diretor Metropolitano da Sabesp, Paulo Massato, que fez uma exposição sobre o trabalho desenvolvido pela empresa para enfrentar a crise hídrica entre 2014 e 2015. Ele destacou a união das diversas áreas da companhia num momento em que eram necessárias decisões rápidas e a adoção de medidas inovadoras, como a opção pela redução de pressão em vez do rodízio e as obras emergenciais que permitiram o uso da reserva técnica dos mananciais. A gerente do Departamento de Recursos Hídricos Metropolitanos da Sabesp, Mara Ramos, também apresentou as ações para o monitoramento hidrológico dos mananciais e principais corpos dágua, das ferramentas de gestão e sistemas de informação e apresentou o trabalho de inspeção das barragens, imprescindível para garantir a segurança hídrica e operacional das estruturas da companhia.

Kelman também destacou o trabalho de enfrentamento da crise e chamou a atenção para a importância das obras para garantir a segurança hídrica. Ele disse que esses empreendimentos exigem investimentos necessários e em geral servem como backup para momentos extremos, que às vezes podem não ser compreendidos pela população ou mesmo alguns especialistas externos. Kelman, em seguida, pediu a opinião do secretário Benedito Braga sobre essa questão.

Braga afirmou que a secretaria trabalha com previsões no campo hidrológico e também com cenários e defendeu o que chamou de estrutura redundante necessária para a segurança hídrica. “No âmbito do plano estadual, isso é algo que nós vamos ter que levar em conta, não imagino dentro de um rigor estatístico, mas trabalhando com cenários", disse.

Braga lembrou que o governo australiano construiu grandes usinas de dessalinização da água com custo alto e agora está sendo questionado pelo investimento na segurança hídrica. “Hoje, passado o problema, a população já cobra do governo por que gastou tanto dinheiro com aqueles elefantes brancos esperando vir a próxima seca. Eu acho que, nessa questão da infraestrutura redundante – que é o que nós, no âmbito do Conselho Mundial da Água, estamos discutindo –, nossa estrutura tem que ir além do tradicional para que, na eventualidade de uma situação extrema, possamos recorrer a ela”, afirmou.
O presidente da Sabesp defendeu os investimentos na segurança hídrica e explicou que as decisões sobre os empreendimentos são tomadas com base nos cenários traçados e em incertezas. Ele disse que um técnico compreende que as decisões devem ser avaliadas com base nas informações disponíveis naquele momento, mas a população e especialistas externos muitas vezes fazem a avaliação a partir das consequências, como um comentarista de futebol que se baseia no videoteipe do jogo.



Questionado sobre o trabalho que o DAEE executa em relação à segurança de barragens, o superintendente Ricardo Borsari explicou que o órgão está fazendo um levantamento de todos os reservatórios existentes no Estado de São Paulo, já que o cadastro oficial lista 14.500 barramentos, mas o número é considerado inferior à realidade. Segundo ele, o foco maior é nas barragens com altura superior a 15 metros de altura e com capacidade igual ou superior a três milhões de metros cúbicos. O objetivo é concluir ao longo de 2017 o treinamento de pessoal para o trabalho e a identificação de todas as reservas de água.

O major Marcos de Paula falou sobre o trabalho da Defesa Civil em situações de enchentes e de seca, destacando a atuação durante a crise hídrica que atingiu a cidade de Tambaú, no interior paulista, município não atendido pela Sabesp. “A falta d’água gera o caos, a violência. Tivemos que buscar soluções urgentes para abastecer a população”, disse ele.

Os representantes do Cemaden e do Inpe deram explicações sobre as ferramentas disponíveis para a previsão hidrológica e consequente prevenção de catástrofes. Eduardo Mediondo disse que a ciência tem condições de prever, por exemplo, um ciclo mais seco ou menos seco, mas não consegue apontar o risco de um deslizamento de terra, fenômeno mais perigoso para a segurança da população. “O tempo para agir é de poucas horas, às vezes poucos dias, mas nada nos impede de traçar cenários, avaliar o que fazer se chover mais numa determinada região”, afirmou.

Daniel Rodriguez disse que o Inpe desenvolve estudos de modelagem numérica para a previsão do tempo. Segundo ele, a eventual falta de previsibilidade de alguns fatores não significa a inexistência de informações que podem ajudar na prevenção de catástrofes ou situações extremas.
O debate também foi aberto a perguntas do público que lotou o auditório, formado por funcionários da Sabesp e representantes da Secretaria de Saneamento e Recursos Hídricos do Estado, de comitês de bacias, entre outros órgãos.

O superintendente da Unidade de Negócio de Produção de Água da Sabesp, Marco Antonio Lopez Barros, ainda fez uma exposição sobre o trabalho de segurança nas barragens feito pela companhia, sempre levando em conta as contingências. Um vídeo exibido também mostrou a operação da Represa Paiva Castro durante dias de chuva em março, quando o controle da Sabesp evitou enchentes piores do que as enfrentadas pelos moradores de Franco da Rocha.

Outro filme fez um resumo dos treinamentos feitos pela Defesa Civil em parceria com a Sabesp e o DAEE sobre Plano de Comunicação em Casos Emergenciais. O capitão da PM Marcelo Kamada, diretor da Defesa Civil do Estado, entregou o plano de ação do órgão para o gerente da Divisão de Recursos Hídricos da Metropolitana Norte da Sabesp, Carlos Roberto Dardis. Ao final do encontro, após a tradicional contagem regressiva, todos os participantes fizeram um brinde para saudar o Réveillon Hidrológico.


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