Kelman destaca segurança hídrica em evento no Instituto de Engenharia

Data: 04/08/2016
Fonte: Sabesp



A atuação da Sabesp no enfrentamento da crise hídrica é destaque em evento que foi realizado nesta terça-feira (2/8) no Instituto de Engenharia. Com o título "Capítulo X - Crise Hídrica: Como foi administrada a pior seca da história paulista", o encontro contou com a presença de Benedito Braga, secretário de Saneamento e Recursos Hídricos, Jerson Kelman, presidente da Sabesp, Paulo Massato, diretor metropolitano, Edson Airoldi, diretor de tecnologia e meio ambiente, superintendentes e gerentes da companhia que se destacaram em ações da empresa durante a estiagem severa, que castigou o Estado em 2014 e 2015. Kelman ressaltou, em sua apresentação, que a Sabesp está investindo em obras estruturantes para aumentar a segurança hídrica, como a PPP São Lourenço, que aumentará a produção de água em 6,4 m³/s (em andamento); a interligação Jaguari/Atibainha (5,3 m3/s) e a captação de água no Rio Itapanhaú (2,5 m3/s).

O presidente enfatizou ainda que, quando assumiu a Sabesp, em janeiro de 2015, ficou impressionado com a capacidade técnica do corpo de engenheiros para buscar alternativas para enfrentar a crise. "Felizmente, as escolhas foram um sucesso para que São Paulo não entrasse em colapso. Depois da primeira medida (reserva técnica), diversas ações foram tomadas, como o programa de bônus, transferência de água entre os sistemas e a diminuição da pressão nas tubulações. Aliás, a redução de pressão, apesar de causar algum desconforto à população, se mostrou necessária e inevitável, pois a crise atingiu a todos. A instalação de válvulas redutoras de pressão (VRPs) fez com que houvesse regularidade no abastecimento", lembrou.

Segundo o presidente, não há mais crise hídrica, mas houve uma queda na produção de água na Região Metropolitana de São Paulo - RmSP, atualmente, em torno de 60m³/s. Antes da estiagem histórica, a companhia produzia 70 m3/s. "Provavelmente, a seca trouxe mudanças com efeitos permanentes. Contudo, essa nova situação influencia num faturamento menor da companhia e, consequentemente, menos recursos para serem investidos. Apesar do preconceito que há sobre o lucro, cabe salientar que é com ele que a empresa planeja e executa seus investimentos em benefício da população. Em comparação com os rios Sena e Tâmisa, cabe salientar que as tarifas de Paris e Londres, respectivamente, são 2.5 maiores que as praticadas em São Paulo.

Gestão de perdas de água

Em seguida, o superintendente da Unidade de Negócio Sul da Sabesp, Roberval de Souza, ressaltou a importância do programa de Gestão de Perdas da Companhia para enfrentar a crise hídrica paulista. “Desde 1997, a Sabesp atua na gestão de perdas por intermédio da redução de pressão durante a madrugada. Em 2014, o programa foi ampliado para horários noturnos e de menor consumo. Em 2015, com a crise hídrica acentuada, a redução teve de ser estendida para ganhar o volume de água perdido e deixá-lo disponível à população”, explicou Souza.

Segundo o superintendente, apesar das críticas, o programa de gestão de perdas da empresa sempre existiu. Com o período de seca, entretanto, o projeto foi acelerado e sofreu mudanças nas regras operacionais para que tivesse mais oferta. Em dois anos, foram instalados cerca de 20% a mais de Válvulas Redutoras de Pressão (VRPs), o que permitiu um total de 1,7 mil equipamentos disponíveis para diminuir as perdas por vazamentos nas redes a partir do controle da pressão da água.

“Na crise, aprendemos a operar de forma diferente. Melhoramos o nosso trabalho, as tecnologias usadas e conseguimos implantar o monitoramento da casa do cliente pelos Centros de Controle da Operação (CCOs) e as Centrais de Monitoramento de Equipamentos da Operação (CEMEOs), ” concluiu.

Flexibilização dos sistemas produtores

A Sabesp estabeleceu estratégias para vencer a crise, como o Sistema Adutor Metropolitano (SAM) para flexibilização do atendimento dos sistemas produtores. Silvana Franco, gerente do Departamento de Planejamento, Gestão e Operação da Produção, explicou que o SAM é uma infraestrutura da RMSP a partir das estações de tratamento de água responsáveis pelo processo de adução e reservação de água própria para consumo.

Em 2014, a capacidade de flexibilização no Sistema Integrado Metropolitano (SIM) era de 3 m³/s. Com a crise, houve uma ampliação por meio de inúmeras obras, que, após finalizadas, aumentou essa infraestrutura para até 8 m³/s. A partir de dezembro de 2015, a Sabesp começou o processo para normalização do abastecimento. "Na Sabesp, o caminho escolhido foi inovar para enfrentar a adversidade", finalizou a gerente.

Transferência de água

Outra alternativa apresentada foi a transferência de água existente na represa Rio Grande à bacia do Taiaçupeba, provendo, dessa maneira, água ao sistema Alto Tietê. O empreendimento foi composto por duas transferências para reposição da água retirada. O Rio Pequeno, braço quase preservado da represa Billings, tem uma contribuição de pouco mais de 2m³/s, permitindo, futuramente, ampliar a estação de tratamento de água Rio Grande. A proximidade, pouco mais de um quilômetro, entre os dois sistemas foi o ponto de partida para a concepção da obra.

O projeto inicial tinha um túnel interligando as represas, com necessidade de se fazer uma barragem, mas essa alternativa era cara e demorada. A planta da Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano (Emplasa) se mostrou muito precisa, as curvas de níveis se confirmaram e foi possível realizar a obra. Atualmente, ocorre transferência de 3,6 m³/s do Rio Pequeno, podendo chegar até 8 m³/s. Desde a concepção até a execução das obras foram pouco mais de seis meses.

Captação da reserva técnica

Os gerentes da Sabesp, José Carlos Basílio e Alberto Ribeiro, ministraram palestra sobre o sistema de bombeamento da reserva técnica do Cantareira. Os profissionais contaram que o maior desafio foi construir o sistema no período de três a quatro meses, tendo de buscar no mercado internacional e de outros segmentos, soluções eficazes até encontrarem as bombas flutuantes utilizadas nas áreas de mineração e agricultura.

Mesmo com receios, principalmente em relação à quantidade do volume que seria captado e se as bombas serviriam, os gerentes relataram que, aos poucos, superaram os desafios. A partir do esforço do trabalho em equipe e multidisciplinar, oficinas próprias e especializas, equipamento de porte, entre outros; foi possível construir uma Estação Elevatória de Água com capacidade de produção de 4 m³/s, o que permitiu disponibilizar mais água à população durante o período de seca.

Sistema Produtor São Lourenço

Na palestra do superintendente de Gestão de Empreendimentos da Sabesp, Sílvio Leifert, o Sistema Produtor São Lourenço, que, atualmente, conta com 3,9 mil funcionários, sendo 40% residentes na região, foi abordado. O novo manancial terá capacidade para captar 6,4 mil litros de água por segundo, 24 horas por dia, para atender a RMSP e garantir maior segurança hídrica.

Sistema Flex

O superintendente da Unidade de Produção de Água da Metropolitana da Sabesp, Marco Antônio Barros, falou sobre a integração dos mananciais. Segundo ele, a flexibilização entre os sistemas já era possível, pois a interface foi concluída durante décadas de operação para ser utilizada em algum momento de crise, assim como ocorreu. Dessa forma, no período de seca o sistema foi acelerado e ampliado, aumentando a capacidade de transferência de água de um manancial para o outro. Entretanto, isso só foi possível com muito investimento em obras tanto no sistema adutor como no de distribuição. “Recuperamos e implantamos novas adutoras e revertemos boosters (motobombas). Hoje, o corredor de hospitais da Paulista é atendido pelo Guarapiranga, onde, antigamente só o Cantareira é quem abastecia àquela região”, finalizou.


Massato garante: "temos água para mais 2 anos"

Em sua participação no evento no Instituto de Engenharia, Paulo Massato, diretor metropolitano, foi categórico sobre a segurança hídrica do abastecimento em 2016. Considerando o pior cenário, Massato projeta que o Cantareira estará em dezembro deste ano com 19% acumulado na represa, mais o volume das reservas técnicas. "Temos água para mais 2 anos", garantiu.

A confiança do diretor se apoia nas obras emergenciais e estruturantes construídas pela Sabesp. "As reservas técnicas tiveram grande impacto. Em termos de volume, foram construídas duas barragens do Guarapiranga, em seis meses", ressaltou.

Massato destacou também que para garantir o abastecimento do Sistema Alto Tietê foi realizada a transferência da água existente na represa Rio Grande à bacia do Taiaçupeba, além da captação no Rio Pequeno, cuja água está sendo transferida para o Rio Grande, a fim de compensar a retirada no momento de crise.

O diretor citou ainda a ação que a companhia realizou na interligação de quase 500 hospitais ao sistema adutor, a fim de preservar os pacientes e trabalhadores desses locais, caso houvesse um colapso hídrico. "Além das obras da Sabesp, a colaboração da população foi essencial. Os funcionários da empresa foram às ruas pedir às pessoas que economizassem. Essas pessoas tiveram um papel importantíssimo para fazer com que a população utilizasse a água de maneira racional?."



< voltar