Produtos químicos garantem qualidade da água

Data: 23/03/2016
Fonte: Abiquim

No Dia Mundial da Água, indústria química destaca importância do saneamento e tratamento do recurso para a saúde e redução do consumo industrial

Com frequência, ouvem-se expressões como “lavar os cabelos com shampoo sem química”, “limpar a casa sem produtos químicos” ou “fazer tratamentos de beleza sem química”. A química, que aparece como sinônimo de toxicidade em muitos anúncios, está mais presente na vida das pessoas do que se imagina, trazendo benefícios, como no tratamento da água.

De acordo com o coordenador da Comissão de Saneamento e Tratamento de Água da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), José Eduardo Gobbi, a indústria química está totalmente apta para servir o mercado de tratamento de água com produtos de alta qualidade, que atendem as normas internacionais e brasileiras, como a ABNT NBR 15784, incorporada pela Lei, que estabelece os requisitos para o controle de qualidade dos produtos químicos utilizados em sistemas de tratamento de água para consumo humano e os limites das impurezas nas dosagens máximas de uso indicadas pelo fornecedor do produto, de forma a não causar prejuízo à saúde humana.

Segundo Mercedino Carneiro Filho, químico do Departamento de Qualificação e Inspeção de Materiais e Equipamentos da Sabesp, empresa responsável pelo fornecimento de água, coleta e tratamento de esgotos de 364 municípios do Estado de São Paulo, em média, a empresa utiliza em torno de 12 mil toneladas de produtos químicos por mês somente nos processos de tratamento de água da região metropolitana. O consumo total em todas as cidades onde a Sabesp opera no Estado de São Paulo é de aproximadamente 22 mil toneladas por mês.

O cloro é até hoje um dos mais conhecidos produtos químicos usados no tratamento da água. A Portaria No 2.914 de 2011 determina que a água deve conter um teor mínimo de cloro residual livre de 0,5 mg/L. O diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Álcalis, Cloro e Derivados (Abiclor), Martim Afonso Penna, explica que nessa concentração o produto não é prejudicial à saúde. “A filtração da água e a adição de cloro para desinfecção foi considerada uma das cem maiores contribuições da humanidade para o milênio que se encerrou”, lembra Penna. Apenas nos municípios onde a Sabesp opera, no Estado de São Paulo, o consumo de cloro para tratamento de água é de aproximadamente 1,3 mil toneladas por mês e, de hipoclorito de sódio, em torno de 2,3 mil toneladas por mês (Sabesp, 2015).

“Os produtos químicos são absolutamente essenciais para garantir a qualidade da água, para que ela seja considerada potável”, afirma o diretor-médico do Centro de Assistência Toxicológica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo - USP (Ceatox), médico assistente do Instituto da Criança e assessor da Organização Mundial da Saúde (OMS), Dr. Anthony Wong.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, uma das maiores fontes de doenças do mundo é a água poluída. A cólera, diarreia, doenças gastrointestinais, hepatite A, verminoses, dermatites e esquistossomose, são doenças típicas de locais que não têm saneamento ou água tratada. “Uma das formas mais importantes dos governantes reduzirem os gastos com saúde é investindo em saneamento”, alerta o presidente-executivo do Instituto Trata Brasil, Édison Carlos.

O futuro do tratamento de água

Conforme afirma o presidente-executivo do Instituto Trata Brasil, Édison Carlos, a qualidade dos recursos hídricos piorou nos últimos anos, o que faz com que seja cada vez mais importante o emprego de produtos químicos para purificar tanto a água quanto o esgoto. “Essa necessidade tende só a aumentar, porque a cada dia novas substâncias são jogadas na água. Eliminamos novos remédios, novos cosméticos, novos alimentos e, consequentemente, a água de hoje tem substâncias que não existiam há 50 ou 60 anos. Isso faz com que o desafio de tratar a água seja cada vez maior e que novos produtos tenham de ser formulados para atender a essa demanda dinâmica da água que temos que tratar”, observa Édison Carlos.

Na opinião do químico da Sabesp, Mercedino Carneiro Filho, “a indústria química tem papel extremamente importante no desenvolvimento de produtos de alta performance de novas tecnologias, como os processos de membranas”. Consciente disso, as indústrias químicas já têm desenvolvido tratamentos avançados baseados em membranas, como a ultrafiltração, a nanofiltração e a osmose reversa, além de tecnologias de redução do consumo de água em processos de tratamento do recurso hídrico e de efluentes, com o uso de ferramentas que otimizam a injeção de produtos químicos no material a ser tratado.

A redução do consumo de água pela indústria química

A química oferece soluções para a redução do consumo de água ao fornecer produtos que possibilitam o tratamento para a reciclagem do recurso para reúso industrial, além de plásticos que reduzem as perdas por evaporação e desperdício na agricultura, entre outros usos.

Além disso, a indústria química mostra que também vem fazendo a sua parte para diminuir o uso de água em seus próprios processos e produtos. De acordo com o levantamento dos indicadores do Programa Atuação Responsável®, a indústria brasileira de químicos para uso industrial reduziu 36% da captação de água entre 2006 e 2014. Além de diminuir o consumo específico do recurso, o setor também aumentou a porcentagem de efluentes reciclados em seus processos, de 4,6 m3 por tonelada de produto em 2009 para 9,5 m3 por tonelada de produto em 2014.

O Programa Atuação Responsável® é uma iniciativa mundial da indústria química, gerida no Brasil pela Abiquim, a fim de demonstrar o compromisso voluntário do setor com a melhoria contínua de seu desempenho em saúde, segurança, meio ambiente e sustentabilidade.

De acordo com o presidente-executivo da Abiquim, Fernando Figueiredo, o Programa Atuação Responsável® é parte essencial na missão da Abiquim de contribuir para a promoção da competitividade e do desenvolvimento sustentável da indústria química instalada no País. “A Abiquim é a casa do Atuação Responsável e, para nós, essa responsabilidade começa em casa. Por isso, a adesão ao Programa é condição indispensável de filiação à Abiquim para as associadas efetivas e colaboradoras”, explica Figueiredo.


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