Consórcio criará bases para cooperações em C,T&I entre Brasil e Europa

Data: 16/03/2016
Fonte: Agência Gestão C,T&I
Entre amanhã, 16/03, e sexta-feira, 18/03, entidades científicas e tecnológicas do Brasil e da União Europeia (UE) se reúnem na cidade do Porto, em Portugal, para debater meios de facilitar e fomentar parcerias. Este será o primeiro encontro do consórcio internacional Incobra [Increasing International STI Cooperation between Brazil and the European Union">.

O projeto integra um dos subprogramas do Horizonte 2020, iniciativa da EU com o objetivo de financiar projetos de pesquisa e inovação até 2020. A ação, que busca ser uma resposta à crise econômica por meio do investimento em carreiras do futuro e crescimento, conta com um fundo de 80 bilhões de euros e está aberta a parceiros de todos os continentes.

Selecionado por meio de edital, o Incobra foi formatado pela Sociedade Portuguesa de Inovação (SPI). O projeto busca construir uma estrutura capaz de facilitar a interação entre entidades brasileiras e europeias de ciência, tecnologia e inovação (C,T&I).

Em entrevista à Agência Gestão C,T&I, o consultor sênior da SPI, André Barbosa, dá detalhes de como funcionará o projeto e as metas a serem alcançadas. “O nosso projeto é fundamentalmente de cooperação. Não vamos fazer pesquisa e inovação diretamente. Vamos apoiar a criação de condições para que haja mais sinergia e complementariedades entre atores do sistema científico e tecnológico brasileiro e europeu”, destaca o consultor. “Queremos criar ou facilitar condições para que, de fato, haja novos projetos e parcerias, tornando-as sustentáveis e geradoras de novos produtos para o mercado. ”

A iniciativa teve adesões de importantes instituições como a Associação Brasileira das Instituições de Pesquisa Tecnológica e Inovação (ABIPTI), a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e a Rede Europeia de Centros Empresariais de Inovação (EBN, na sigla em inglês). Ao todo, são 13 entidades neste esforço, sendo sete europeias e seis brasileiras.

Quais são os principais objetivos do Incobra?

O projeto foi baseado em três dimensões “Focus, Enhance e Increase”. A primeira pretende dar maior enfoque nas atividades de cooperação em pesquisa e inovação. Vamos enfatizar a identificação de tendências, oportunidades e potencialidades, além de antecipar também riscos dentro das áreas prioritárias. Pretendemos fazer um exercício de reflexão à longo prazo que segue uma metodologia específica que em inglês se chama “foward looking aproach”. A ideia é preparar os atores do sistema científico e tecnológico europeu e brasileiro para melhor aproveitar as oportunidades.

A segunda dimensão é uma questão de aperfeiçoamento da cooperação em pesquisa e inovação entre Brasil e União Europeia. Ela está ligada ao aprimoramento das questões estruturais que permitem esta interação. Pretendemos criar condições para que haja alinhamento e coordenação entre programas de financiamento à inovação brasileiros e europeus. O objetivo é a maior participação de entidades europeias em programas de financiamento à inovação do Brasil e de entidades brasileiras nos da Europa.

A terceira dimensão é a do Increase. Ela visa aumentar ou intensificar a cooperação em pesquisa e inovação entre o Brasil e a União Europeia. Vamos apoiar redes bilaterais específicas e ajudá-las a desenvolver uma agenda comum de pesquisa e inovação.

Quais são os temas prioritários escolhidos para o consórcio?

O projeto priorizará quatro áreas de pesquisa e inovação. Uma mais ligada às questões agroalimentares, uma voltada para a energia, outra para tecnologias da informação e finalmente nanotecnologias. Estas áreas foram escolhidas porque são os setores que a própria União Europeia considera como prioritárias para cooperação com o Brasil em pesquisa e inovação dentro de um planejamento, criado em 2014, para cooperação internacional.

Qual o orçamento do projeto Incobra?

O Incobra tem orçamento global próximo aos 2 milhões de euros. A verba será usada para apoiar os custos com recursos humanos envolvidos no desenvolvimento das atividades e também para organizar e custear eventos.

Como foi o passo a passo para montar o consórcio?

A SPI tem um longo histórico de participação nestes projetos que fomentam a cooperação em pesquisa e inovação com países ou regiões terceiras. Quando identificamos essa chamada da União Europeia, dentro do Programa Horizonte 2020, começamos a discutir internamente a possibilidade de estarmos envolvidos de alguma forma nesta chamada.

Definimos alguns princípios orientadores. Um deles foi garantir um equilíbrio de forças entre organizações europeias e brasileiras. Como se trata de um projeto para fomentar a cooperação, não faz sentido que seja de forma desnivelada, como verificamos em projetos anteriores. Somos 13 parceiros, sendo sete europeus e seis brasileiros. Este equilíbrio de forças reflete-se nas responsabilidades de cada um na implementação do projeto. Também do ponto de vista orçamentário, há um equilíbrio relativo de forças.

Ao preparar a candidatura, o segundo princípio que norteou o nosso trabalho foi o foco nas questões de inovação. Entendemos que a cooperação entre Brasil e União Europeia já estava em um patamar consolidado, atendendo ao histórico da cooperação. Em virtude disso, quisemos dar um passo adiante e focar na inovação.

Como se dará a primeira reunião do projeto?

Ela terá duração de três dias, sendo dois deles dedicados a reunião interna do consórcio, ou seja, apenas os membros plenos da parceria estarão presentes. Esse encontro servirá como uma reunião de arranque do projeto. Vamos centrar os trabalhos na apresentação e discussão de cada uma das etapas metodológicas de implementação do projeto.

A ideia é que todos os parceiros possam ter ainda mais conhecimento das atividades e resultados esperados, além de montar uma lista de tarefas ou um plano de trabalho a implementar em um curto prazo.

No último dia do evento, 18 de março, haverá o lançamento do projeto. O evento será aberto ao público. Pretendemos chamar a atenção dos players do sistema científico e tecnológico português para o projeto e, portanto, para a disseminação e mobilização futura. A inciativa também servirá para iniciar a discussão o financiamento à inovação, um dos pilares centrais do projeto.

Como foi a escolha dos parceiros?

O foco na inovação também foi utilizado como como um dos critérios para selecionar os parceiros, razão pela qual, por exemplo, insistimos no envolvimento das instituições que compõem o grupo. Escolhemos os parceiros baseados nas diversidades de atores e geográfica. A ideia era envolver agências de financiamento, universidades, empresas, associações, ou seja, refletir no nosso consórcio essa diversidade de tomadores de decisões envolvidos na cadeia de valor da inovação.




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