Preservação de nascentes melhora oferta de água em propriedades do Noroeste do Rio de Janeiro

Data: 01/03/2016
Fonte: ass imprensa
No município de Itaocara, mais de 160 nascentes de água foram protegidas por agricultores preocupados com o uso racional dos recursos hídricos

Itaocara, no Noroeste Fluminense, é um dos municípios do interior do estado do Rio de Janeiro com forte mobilização dos agricultores nas microbacias hidrográficas. A conscientização dos produtores rurais contribuiu para a adesão aos projetos desenvolvidos pelo Programa Rio Rural, da secretaria estadual de Agricultura e Pecuária do Rio de Janeiro. Com a campanha Água Limpa para o Rio Olímpico não foi diferente. Desde o seu lançamento, há seis anos, 164 nascentes de água já foram protegidas no município.

Na propriedade dos irmãos Odilon e Gessevaldo do Couto, na microbacia Córrego do São Luiz e Jararaca, o projeto de proteção de nascentes apresenta bons resultados, somado a outras ações ambientais. Odilon conta que tinha vontade de fazer o cercamento da área de três hectares de mata nativa, mas não havia dinheiro suficiente. “A ajuda do Rio Rural para a compra de material e o apoio técnico foram fundamentais para que isso acontecesse. Os animais deixaram de ter acesso ao local e a vegetação agora pode crescer com vigor”, explica o agricultor. A preservação da nascente na propriedade dos Couto foi feita há dois anos. “Nossa preocupação é com o conjunto de ações que nos permitem ter mais água para a lavoura, trazendo muitos benefícios”, completa Odilon.

Na propriedade, a produção é voltada para o cultivo de jiló, pimentão e quiabo, sendo que este último confere a Itaocara a condição de maior produtor estadual. Após a proteção da nascente, a família investiu no sistema de irrigação por gotejamento, no qual a água é enviada para a planta de forma direcionada, por meio de pressão em tubos de plástico, evitando o desperdício hídrico. Como a infiltração acontece de forma direta no solo, o aproveitamento hídrico é de 95%.

“Além da nascente prover mais água, por estar protegida, o líquido é muito bem aproveitado em razão da irrigação por gotejamento. Isso beneficia o meio ambiente, pois a intenção em qualquer lavoura é o uso eficiente da água, na medida necessária para garantir a saúde dos vegetais”, explica Evanildo Júnior, técnico executor do Programa Rio Rural na microbacia Córrego do São Luiz e Jararaca.

O aproveitamento hídrico é ainda maior na propriedade dos irmãos Couto em função do plantio direto, uma prática agroecológica em que o solo não passa por aração. Em vez disso, após a colheita, o solo recebe camadas de palha, que ajudam na absorção e armazenamento de água sempre que chove. Com a aração, formam-se sulcos na terra após as chuvas e a água é escoada, levando consigo nutrientes indispensáveis ao solo.

“Precisamos otimizar o uso de água para que ela nunca falte. Na seca do ano passado, meus vizinhos perderam muitas lavouras, pois não tinham como fazer irrigação. Aqui, felizmente, não fomos afetados. Todo trabalho que nos ajude a ter essa fonte em abundância é prioridade”, conclui Odilon.
Iniciativa para aperfeiçoar a preservação

Outro bom resultado com a preservação de nascentes em Itaocara pode ser observado na microbacia Valão Santo Antônio. Há quatro anos, cerca de um hectare de terra foi protegido na propriedade do pecuarista e médico veterinário Gustavo Maforte. O cercamento fornecido pelo Rio Rural ajudou a proteger o entorno, incluindo um açude existente próximo ao local.

O produtor rural foi além e decidiu, por conta própria, plantar espécies nativas perto da nascente. “Isso ajuda no processo natural de regeneração da vegetação. Teremos acúmulo de água no solo mais rapidamente. Sem o plantio, as espécies demorariam cerca de oito anos para atingir um bom tamanho. Agora, o tempo cai pela metade”, explica o técnico executor do Programa Rio Rural na microbacia Valão Santo Antônio, Walter de Azevedo.

O pecuarista está contente com o resultado. “Minha meta principal é ter mais água para a irrigação da pastagem. Porém, acredito que todo produtor pode contribuir para melhorar o planeta e proteger as nascentes, não importa o seu ramo e nem o tamanho da propriedade”, resume Maforte.



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