A qualidade das águas afetadas pelo desastre de Mariana é revelada

Data: 17/12/2015
Fonte: Galileu


Coletivo independente realizou expedição para coletar e analisar a água de diversos pontos atingidos pela lama de rejeito


Após o rompimento da barragem em Mariana, no último dia 5 de novembro, o surgimento de informações desencontradas e o encobrimento de tantas outras de fundamental importância pra diagnosticar o tamanho exato da tragédia incomodou a comunidade científica. Indignados com o descaso, um grupo de cidadãos e pesquisadores criou o GIAIA (Grupo Independente de Avaliação do Impacto Ambiental).

No site oficial do grupo, que se define como um “coletivo cidadão-científico”, eles sentenciam: “Acreditamos que a ciência e os estudos de impacto ambiental devam ser transparentes. Os dados e as análises disponibilizados livremente. Qualquer pessoa da sociedade deve ter livre acesso ao conjunto de dados e as análises que foram executadas”.

Com base nessa premissa, o GIAIA divulgou um relatório que revela o dado definitivo pra quantificar aquele que é tido como o maior desastre ambiental da História do Brasil: quão contaminada está a água da bacia afetada pela destruição da barragem? Apesar de elementar, essa informação foi sonegada por muito tempo pelos órgãos responsáveis – no caso, as companhias que cuidam do saneamento básico dos estados afetados, como a COPASA, em Minas e a CESAN, no Espírito Santo. Testes para analisar o nível de toxicidade de uma amostra de água não demoram mais que três dias para serem finalizados, mas passado um mês do desastre, nenhum dado oficial havia sido divulgado.

Uma equipe da UnB (Universidade de Brasília) e outra da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) realizaram uma expedição que analisou 17 pontos entre a barragem e a foz do Rio Doce, no Espírito Santo.

Em geral, a base para comparação é a resolução 357 do CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente), que “dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes e dá outras providências”.

O manganês, por exemplo, apresenta níveis acima do permitido pela 357, que diz que o máximo por litro desse elemento químico é 0,1 mg. Com exceção de um ponto analisado, todos os outros traziam números acima do limite e em dois pontos a taxa era de 2,65 mg/L.

Com o arsênio não é diferente: na cidade mineira de Governador Valadares esse elemento estava em níveis quatro vezes maior que o permitido. Já o chumbo, um dos metais tóxicos mais perigosos, está acima do limite em dois pontos: Rio Gualaxo do Norte (0,029 mg/L) e Paracatu de Baixo (0,016). O máximo permitido é 0,01 mg/L.

A CONAMA 357 não impões limites para o ferro e o alumínio, mas, segundo o relatório, ambos “estão em concentrações extremamente altas em todos os pontos de coleta afetados pela lama de rejeito”. Clique aqui para conferir o relatório completo.


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