Antropoceno é destaque de conferência no XXI Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos

Data: 26/11/2015
Fonte: ass evento




Na primeira conferência do XXI Simpósio da ABRH, professor português Luis Veiga da Cunha faz um alerta para o público a respeito das alterações climáticas no planeta com dados do IPCC da ONU e Banco Mundial

Com dados e gráficos do IPCC – Intergovernamental Panel On Climate Change da ONU e do Banco Mundial, o professor catedrático jubilado da Universidade Nova de Lisboa, Luis Veiga da Cunha, fez a primeira conferência do Simpósio, nesta segunda-feira (23), “A água no mundo global do futuro”.

De acordo com o professor que é membro do Conselho Nacional das Águas desde sua criação em 1994 e membro do IPCC (1990-2001), o impacto da mudança climática num futuro próximo vai ter graves consequências para os recursos hídricos em todo o planeta. “A água é abundante, mas escassa. Racional, mas limitada”, afirmou.

Para o professor, o Antropoceno, termo criado pelo biólogo Paul Crutzen (2002) com quem trabalhou, é um período geológico marcado pela total influência do homem no planeta e em todos os ecossistemas, a era do “homem como força geofísica”. “Surgem novas oportunidades e novos riscos. O Antropoceno é a era do homem predador, é um ataque feito por dentro e as pessoas não estão preocupadas”, alertou.

Segundo Veiga, a água é o principal mediador dos impactos e das medidas de adaptação nos vários setores econômicos e sociais. “Hoje a agricultura é o maior consumidor de água”, diz.

O professor apresentou gráficos com a evolução populacional até 2090, além de problemas como oferta de água, taxa de fecundidade, aumento de períodos de secas e cheias e também uma série de propostas que compõe o chamado Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS/2030).

Além da conferência, o primeiro dia de atividades no Centro de Convenções Ulysses Guimarães ainda contou com a apresentação de trabalho dos três finalistas do Prêmio Jovem Pesquisador: Leonardo Zandonadi Moura (UnB), Aline de Araujo Nunes (UFMG) e Luane de Almeira Pinto (UEAM).

No painel sobre o Rio São Francisco, um dos eventos mais disputados da segunda, especialistas e membros do Comitê da Bacia Hidrográfica do rio São Francisco, da Agência de Gestão das Bacias Hidrográficas Peixe Vivo e da Agência Nacional de Águas, fizeram um relato de todos os desafios que envolvem essa bacia.

“Sem água não existe produção nem qualidade de vida, por isso a boa gestão dos recursos hídricos é tão prioritária quanto as políticas de saúde e educação”, enfatizou Anivaldo Miranda, presidente do Comitê que alertou para o uso inadequado dos recursos hídricos. “É um assunto que deveria receber tanta atenção como outras políticas públicas”, completou.

Miranda também destacou a necessidade de uma revisão do Plano da Bacia do São Francisco, que segundo ele, está ultrapassado, principalmente no que tange à matriz energética. “A geração de energia não deve ser um modelo hegemônico, nem a bacia do São Francisco pode se adaptar a essa matriz. Ao contrário, deve haver mudanças urgentes nesse modelo, tanto quanto na matriz agrícola desenvolvida no São Francisco, para evitar crises de vazões como tem ocorrido, além de outros problemas”, argumenta.

Destaques da terça-feira

Às 18h30, a conferência “Gestão adaptativa da água: condições, incertezas e avaliação do potencial para manejo integrado” traz Ignacio Porzekanski, da School of Natural Resources and Environment - SNRE (Faculdade de Recursos Naturais e Meio Ambiente), Universidade da Florida.

Já o II Seminário Brasil e Austrália acontece das 9h às 17h, e traz especialistas dos dois países falando sobre desenvolvimento sustentável, alternativas técnicas, legais, econômicas e ambientais.

O II Seminário Internacional Contas Econômicas e Ambientais da Água: contribuições para o desenvolvimento sustentável ocorre das 9h às 18h e conta com a participação de Vicente Andreu, presidente da ANA – Agência Nacional de Águas, Wasmália Bivar, presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Marcelo Medeiros, do MMA – Ministério do Meio Ambiente, Paulo Salles, da ADASA e Lúcio Remuzat Rennó Júnior, presidente da Companhia de Planejamento do Distrito Federal.

Nesta terça-feira serão conhecidos os vencedores do Prêmio Jovem Pesquisador - edição Professor Robin Clarke. O prêmio é uma forma da ABRH reconhecer e valorizar os jovens talentos e mostrar para a comunidade os trabalhos que se destacaram no Simpósio. Os vencedores das premiações serão conhecidos em solenidade que começa as 19h30.

Na mesma cerimônia será anunciado o vencedor do Prêmio Flavio Terra Barth, iniciativa que reconhece a atuação de pessoas ou instituições que tenham se destacado por contribuições significativas para a gestão e aproveitamento racional e sustentável dos recursos hídricos.

Também hoje é a cerimônia de entrega do prêmio de R$ 5 mil ao primeiro colocado do Hackaton: A Água. E você? Promovido pela ABRH e MCI Brasil, o concurso cultural lançado na Campus Party, em Recife, escolheu aplicativo Dropper, de Pedro Paulo Corrales Faria, como melhor criação. O aplicativo estará disponível em breve para download nas plataformas Android e IOS.

Programação da quarta-feira (25)

O Observatório das Águas, parceria com a WWF, vai avaliar os passos até agora implementados e aprimorar a formatação do grupo que monitora a governança do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. A atividade acontece amanhã e quinta, durante todo o dia.

O XXI SBRH também contribuirá com a preparação de Brasília e do país para sediar em 2018 o VIII Fórum Mundial da Água. Além disso, o evento contribui com a agenda de desenvolvimento sustentável definida pelas Nações Unidas no lançamento do Movimento do Pacto Global Pela Redução das Perdas de Água nesta quarta, às 18h30.

Nesta quarta, a conferência “A importância da gestão dos recursos hídricos para a humanidade” é um dos destaques da programação.

Brasília: capital das Águas 2015

O XXI Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos, evento mais importante para profissionais, professores universitários, pesquisadores e gestores públicos ligados aos recursos hídricos do país, teve abertura ontem no Centro de Convenções Ulysses Guimarães. O evento segue até 27 de novembro reunindo cerca de 3 mil pessoas entre pesquisadores e visitantes.

O XXI SBRH e 12º Silusba são promovidos pela ABRH, APRH, Aquashare, ACRH – Associação Caboverdeana de Recursos Hídricos. Com patrocínio da ADASA, do Governo Federal através dos Ministérios da Saúde, Integração Nacional, Meio Ambiente, Educação, além da Caixa, do Governo do Estado de São Paulo e o apoio institucional de diversas universidades e instituições. Conheça todos os patrocinadores e apoiadores visitando nossa página www.abrh.org.br/xxisbrh.

Sobre a ABRH

A ABRH – Associação Brasileira de Recursos Hídricos é uma associação profissional, sem fins lucrativos, que tem como finalidade congregar pessoas físicas e jurídicas dedicadas ao avanço da gestão de Recursos Hídricos, da pesquisa científica e do apoio ao ensino técnico e universitário. Atualmente, é a mais importante editora de livros técnicos sobre Recursos Hídricos no Brasil, com mais de 70 títulos publicados e, extensivamente, utilizados por professores universitários, profissionais e gestores públicos. A ABRH possui várias Regionais distribuídas pelos Estados da Federação e entre algumas de suas realizações mais importantes está a mobilização pela criação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos no Brasil, em 1997.

SERVIÇO

O quê: XXI Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos

Quando: de 22 a 27 de novembro de 2015

Onde: Centro de Convenções Ulisses Guimarães - SDC Eixo Monumental - Lote 05 - Ala Sul 1º Andar Brasília/DF

Site do evento: www.abrh.org.br/xxisbrh

Twitter: @abrh_oficial| Facebook: www.facebook.com/ABRHBrasil | Linkedin: goo.gl/VwXU


< voltar