Cana-de-açúcar pode ser usada no tratamento de águas residuais, aponta estudo

Data: 13/11/2015
Fonte: celulose on line


A experiência foi feita com uma ETAR piloto, pela doutoranda Mafalda Vaz, no âmbito de um trabalho de doutoramento em Ciências e Engenharia do Ambiente, da Universidade de Aveiro.

Segundo Mafalda Vaz, a cana-de-açúcar pode ser utilizada com eficácia e “dupla vantagem” em estações de tratamento de águas residuais (ETAR) de plantas, substituindo as tradicionais macrófitas, tais como o caniço.

Além de comprovar em protótipo a eficiência no tratamento de efluentes, a doutoranda defende que a cana-de-açúcar pode ser usada para a produção de biocombustível, sendo uma alternativa sustentável e de valor acrescentado face aos sistemas convencionais de tratamento de efluentes.

As macrófitas são plantas adaptadas a solos alagados e já aproveitadas em algumas estações de tratamento de águas residuais (ETAR) pela sua capacidade depuradora, nomeadamente de fósforo e azoto.

O caniço (‘phragmites australis’) tem sido uma das macrófitas mais utilizadas no tratamento de efluentes, devido à sua grande capacidade de remoção de poluentes e elevada resistência a condições ambientais extremas, mas pode ser substituído com vantagem pela cana-de-açúcar.

No estudo foi feita a avaliação da eficiência de uma ETAR de plantas à escala piloto, com enchimentos de resíduos e desperdícios de tijolo e calcário, plantadas com cana-de-açúcar.

“Concluiu-se que estes sistemas, quando corretamente operados e dimensionados, são eficazes na remoção de poluentes. A utilização de cana-de-açúcar, que é a grande inovação do trabalho, constitui uma mais-valia, pois trata-se de uma cultura energética que poderá ser diretamente convertida em bioetanol”, explicou a doutoranda, em declarações transcritas e divulgadas pela Universidade.

Outra proposta do trabalho, testada na ETAR piloto, é a utilização de desperdícios de tijolo e de telha da construção civil na impermeabilização e como material de enchimento na construção das ETAR de plantas.

Assim evita-se o consumo de matérias-primas e de energia na produção de materiais específicos para o enchimento e soluciona-se a questão da deposição dos desperdícios”, conclui Mafalda Vaz, cujo doutoramento é orientado por Isabel Capela, professora do Departamento de Ambiente e Ordenamento da UA, e Dina Mateus, professora do Instituto Politécnico de Tomar.


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