Em seminário, presidente Jerson Kelman ressalta medidas adotadas para minimizar efeitos da estiagem

Data: 13/11/2015
Fonte: Sabesp








Seminário "O futuro da Água Urbana" no Insper em São Paulo.





Nesta quarta-feira (11), o presidente da Sabesp, Jerson Kelman, e a secretária-adjunta de Saneamento e Recursos Hídricos (SSRH), Mônica Porto, participaram do seminário “O Futuro da Água Urbana”, realizado no Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa), em São Paulo. Em suas apresentações, ambos deram destaque às ações tomadas pela Sabesp e pela SSRH para garantir o abastecimento da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) e também da população atendida pela Bacia do PCJ (Piracicaba, Capivari e Jundiaí).







Jerson Kelman (presidente da Sabesp), e Mônica Porto (SSRH)





Kelman apresentou dados da seca que atingiu a Austrália e traçou paralelos com a situação de São Paulo. Mostrando que a afluência no Cantareira está abaixo da média de longo tempo na década atual, tendo 2014 como um ano completamente atípico, ele defendeu não ser possível prever o que aconteceu no ano passado e ressaltou que a Sabesp estava preparada para o pior cenário já registrado anteriormente, no caso, em 1953. “Lá atrás, quem dissesse que era possível prever o que aconteceu, estaria sendo suspeito de fazer obras desnecessárias”, afirmou.



Seguindo a apresentação, o executivo destacou que a Sabesp é uma exceção por depender apenas do valor arrecadado com a tarifa cobrada dos clientes, pois a maioria das empresas de saneamento do país são deficitárias e dependem de subsídios do governo. Com as medidas adotadas para minimizar os efeitos da crise na RMSP (adoção do bônus, tarifa de contingência, integração entre os sistemas produtores e intensificação da redução de pressão na rede), a receita da companhia diminuiu, o que dificulta a realização de investimentos. Mesmo com todo o cenário negativo, não houve a necessidade de tomar medidas mais drásticas, como a adoção de rodízio, nos municípios operados pela Sabesp.



Fazendo o contraponto com a estiagem na Austrália, cujo governo deu aporte financeiro às empresas, Kelman citou que foram construídas usinas de dessalinização de água como alternativa para abastecimento que eram necessárias no momento, mas hoje estão subutilizadas e citou que decisões tomadas sob incerteza devem ser avaliadas considerando as informações disponíveis à época e não com base nos resultados.



Outro tópico abordado foi o nível de confiabilidade do Cantareira que, hoje, após o aprendizado com a estiagem atual e as intervenções realizadas pela Sabesp, é bem maior, diminuindo a probabilidade de desabastecimento da população por baixa vazão afluente. Kelman também ressaltou que era presidente da ANA (Agência Nacional de Águas) em 2004, quando foi renovada a outorga do manancial, e que utilizou um conceito ético para que a população atendida pela Bacia do PCJ tivesse a mesma segurança hídrica que a RMSP.



Na sequência, a secretária-adjunta Mônica Porto fez sua apresentação, ressaltando a complexidade da RMSP para distribuir água, coletar e tratar esgoto e fazer a drenagem de água da chuva por ser densamente povoada, ocupar uma grande área e estar localizada numa região de altitude elevada e próxima das cabeceiras de bacias, com disponibilidade hídrica proporcionalmente menor ao do sertão nordestino. E, apesar disso, a cobertura de abastecimento de água é de 100%.



Outra dificuldade é que até os anos 1990 a população crescia mais que a área ocupada e nos últimos 15 anos ocorre o contrário, o que aumenta a impermeabilização do solo e aumenta o índice de perdas de água sem necessariamente gerar mais receita. “Quando nos deparamos com uma situação onde o sistema responsável por abastecer 50% da população começa a enfrentar uma crise hidrológica do tamanho da que nós estamos enfrentando, não ter tido um colapso no sistema é um tremendo de um sucesso”, exaltou ela.



Mônica também argumentou sobre o planejamento para a seca em São Paulo, que classificou como um fenômeno profundo e abrupto. Com gráficos, a secretária-adjunta mostrou que o volume armazenado nas represas do Cantareira foi regular até outubro de 2013, com destaque para os anos de 2010 e 2011, que foram extremamente úmidos. Por conta disso, não seria possível prever o que aconteceu a partir de 2013.



Para finalizar, Mônica afirmou que não há como passar por essa situação sem consequências e que a crise veio para mudar o conceito de cidade resiliente, com menos ameaças, exposição e vulnerabilidade.





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