EngenhariaData reúne dados sobre a socioeconomia da engenharia

Data: 13/05/2015
Fonte: Agência USP
Um sistema de indicadores de engenharia no Brasil reunido em um único portal na internet. Esse é o EngenhariaData, projeto desenvolvido desde 2011 pelo Núcleo de Apoio à Pesquisa (NAP) Observatório da Inovação (OIC), sediado no Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP.

A partir de dados oficiais, pesquisadores divulgam relatórios sobre engenharia
O site disponibiliza gratuitamente as principais séries históricas sobre formação de engenheiros, mercado de trabalho e produção científica da engenharia para facilitar a consulta por pesquisadores, gestores de políticas públicas, empresas, instituições de ciência, tecnologia e inovação, jornalistas e demais interessados no tema.
“O EngenhariaData surgiu da discussão de que faltam engenheiros no Brasil, juntamos dados oficiais do governo e criamos seis macroindicadores: formação na graduação, formação na pós-graduação, empresas de serviços de engenharia, mercado de trabalho, pesquisa e desenvolvimento, e produção científica, além de uma biblioteca com publicações abertas da imprensa sobre a área”, explica o professor da Escola Politécnica (Poli) da USP e coordenador do NAP-OIC, Mario Sergio Salerno.
Os dados utilizados nas informações disponibilizadas pelo EngenhariaData são do Censo do Ensino Superior, desenvolvido pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP), do Ministério da Educação; do GEOCAPES, mantido pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES); do Ministério do Trabalho e Emprego – Relação Anual de Informação Social (RAIS), além do Censo Demográfico elaborado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Mercado de Trabalho
A partir da disponibilização dos dados oficiais, os pesquisadores do NAP-OIC divulgam relatórios e estudos sobre engenharia. No último, em 2014, os indicadores demonstram que não faltam engenheiros no Brasil. Segundo Salerno, de 2000 a 2012, o fluxo de recém-formados foi mais elevado do que o crescimento da demanda.
“Na prática, é difícil operacionalizar o conceito de oferta socialmente desejável de engenheiros. No entanto, comparando a evolução de novos engenheiros formados com o Produto Interno Bruto (PIB) real, percebe-se que o PIB aumentou a uma taxa anualizada média de 3,4% ao ano, enquanto o total de formados em cursos de engenharia cresceu a uma taxa de 8,7% ao ano”, informa Salerno.
Em artigo publicado no ano passado, na Revista Novos Estudos, do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), os pesquisadores do NAP mostram que, na verdade, no mercado de trabalho há um hiato geracional, dada a lacuna na formação de engenheiros décadas atrás.
“Através do Censo do IBGE, descobrimos que nos anos de 1980 houve um período no qual caiu o número de formandos em engenharia, mas depois voltou a crescer. É o que chamamos de ‘gap’ de formação. Hoje, eles seriam considerados os engenheiros seniores, mas há poucos profissionais no mercado com esse perfil, mas isso tende a passar. No ano que vem, faremos uma nova análise para saber se esse hiato está passando”, afirma Salerno.
Trajetória dos engenheiros

NAP é sediado no Instituto de Estudos Avançados (IEA)
Atualmente, um dos estudos que estão sendo feito com o EngenhariaData é sobre a trajetória profissional dos formandos em engenharia. A partir de dados da Relação Anual de Informação Social (RAIS), do Ministério de Trabalho e Emprego, os pesquisadores “identificam” os engenheiros e os seguem estatisticamente ao longo do tempo para saber quando há uma mudança na ocupação funcional.
Salerno conta que foram detectadas nove trajetórias de quem se formou em engenharia, há quem siga carreira tradicional, carreira gerencial, pessoas que saem da profissão, outros com formação de engenheiro mas assumem carreiras de técnicos de segundo grau, aqueles que se especializam em áreas fora da engenharia (mestrado, doutorado, MBA) e profissionais que não estão na base de dados porque, provavelmente, são contratados como pessoas jurídicas.
“Surpreendentemente, constatamos que mais de 50% dos formados continua na carreira típica de engenharia, ou seja, quando a pessoa possui o registro de engenheiro na carteira de trabalho. Como a engenharia é um curso muito versátil, no qual o profissional pode atuar em áreas como estatística e mercado financeiro, não esperávamos um percentual tão alto na carreira típica de engenharia”, diz Salerno.


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