Projeto visa otimizar unidades de medidas inerciais

Data: 09/03/2015
Fonte: Agência USP
Projeto de pesquisa na área de robótica da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP, do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, e da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) visa otimizar a precisão e a confiabilidade das unidades de medidas inerciais — sensores compostos por um magnetômetro, um acelerômetro e um giroscópio — que não passaram por um processo de certificação. O projeto foi selecionado na primeira chamada do Programa em Pesquisa eScience, lançado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
Dependendo da aplicação, os sensores precisam passar por um processo de certificação, porém isso os encarece muito. Esse tipo de procedimento é obrigatório, por exemplo, nos sensores das aeronaves que precisam transmitir um sinal altamente confiável para a cabine de controle. Em contrapartida, existem sensores que, dependendo do uso, não necessitam de certificação como, por exemplo, aqueles usados em veículos terrestres e aéreos não tripulados de pequeno porte.
O grupo de pesquisa coordenado pelo professor Marco Terra, do Departamento de Engenharia Elétrica e de Computação da EESC, conseguiu desenvolver técnicas para aumentar a precisão das informações das unidades de medidas inerciais. Chamadas de “Filtragem Robusta”, elas complementam a leitura dos algoritmos conhecidos como filtros de Kalman — um algoritmo pode ser entendido como um conjunto de ações que, quando executadas em uma determinada sequência, levam a um resultado específico desejado — e ajudam a minimizar alguns ruídos na transmissão de dados.
“Os estudos desses algoritmos têm sido publicados em revistas internacionais e têm contribuído com a teoria de sistemas de controle e de filtragem. Estamos agora aplicando essas técnicas na robótica, em particular em veículos autônomos”, comentou o professor.
Medidas inerciais
As leituras das unidades de medidas inerciais que não são certificadas, e por isso de baixo custo, apresentam em geral menor precisão do que as das unidades certificadas. Para aumentar a confiabilidade dessas medidas, a pesquisa busca implementar filtros recursivos robustos em FPGA (Field Programmable Gate Arrays) — um tipo de hardware que pode ser programado para uma ou mais funções específicas do usuário — no sistema embarcado que irá receber as informações das unidades de medidas inerciais e comandar as ações do caminhão autônomo com segurança.
“Desenvolvemos a teoria de estimativa de variáveis em tempo real. Desse modo, assim que os dados são gerados, eles também são processados e uma interpretação é dada no mesmo instante para estimar o que vai ocorrer no futuro próximo”, explicou Terra. A pesquisa, que está em desenvolvimento, é aplicada em um caminhão autônomo — que dispensa motorista — para desenvolver estimativas de variáveis em tempo real, como velocidade, distância e posicionamento. As unidades de medidas inerciais transmitem as informações captadas, e posteriormente o algoritmo faz a leitura de cada variável e transmite a um sistema que por sua vez realiza o comando final.
“A junção dos dados da unidade de medida inercial com a precisão da leitura através da ‘Filtragem Robusta’ pode dar a autonomia necessária para o veículo andar sem motorista ou ser um grande auxílio para prevenir acidentes aumentando a sua capacidade de dirigibilidade”, explicou o professor. O estudo será desenvolvido por um período de dois anos. “A expectativa é de que a pesquisa gere uma patente”, afirmou Terra.
O projeto de pesquisa coordenado pelo professor Terra, chamado de “Sistema de referência de atitude, orientação e posição baseado em filtro de Kalman robusto implementado em FPGA” foi um dos quatro selecionados na primeira chamada do Programa em Pesquisa eScience. Lançado pela Fapesp, o programa pretende explorar avanços de estudos em computação que ajudem a vencer desafios científicos e tecnológicos em outros domínios, e vice-versa.
A iniciativa da Fapesp, lançada em 2013, também busca organizar, classificar, visualizar e facilitar o acesso ao gigantesco volume de dados constantemente gerados em todos os campos de pesquisa, a fim de obter novos conhecimentos e fazer análises abrangentes e originais. O termo eScience muitas vezes é considerado sinônimo da ciência desenvolvida a partir da análise de grande quantidade de informações, pois resume o desafio de pesquisa conjunta.


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