Edição nº: 218
Ano: 2019
Fármacos em águas residuárias: efeitos ambientais e remoção em wetlands construídos
Autores:
Araújo, Ronaldo Kanopf de; Wolff, Delmira Beatriz; Carissimi, Elvis
Resumo:
Diariamente, poluentes emergentes são lançados em corpos hídricos, tais como fármacos liberados pela
urina, e não são removidos totalmente nos processos convencionais de tratamento de águas residuárias,
levando à necessidade de estudos aprofundados para melhorias nas estações de tratamento de esgoto. A
dipirona, o diclofenaco e o paracetamol são fármacos utilizados em larga escala no mundo como anti-inflamatórios,
analgésicos e antipiréticos. No Brasil, esses medicamentos podem ser adquiridos com custo
baixo e sem prescrição médica nas farmácias. O lançamento desses poluentes emergentes pode acarretar
danos à saúde humana e à biota aquática. Dessa forma, tem-se como objetivo apresentar uma revisão de
literatura sobre a remoção de dipirona, diclofenaco e paracetamol em sistemas de tratamento de esgoto
do tipo wetlands construídos. Observou-se que wetlands construídos podem remover fármacos tão bem
quanto estações convencionais, como lagoas ou lodos ativados, devido à coexistência de diferentes condições
físico-químicas, com rotas de degradação tanto aeróbicas como anaeróbicas. A ausência de estudos
aprofundados que comparem a remoção de dipirona, diclofenaco e paracetamol em diferentes processos
de tratamento ainda não permite indicar a tecnologia mais eficiente. Wetlands construídos são
sistemas conhecidamente eficientes na remoção de matéria orgânica carbonácea e nitrogenada, podendo
ser aplicados para o tratamento descentralizado. Novas pesquisas têm mostrado que esses sistemas
podem também remover fármacos, com elevadas eficiências, tanto em configurações de fluxo hidráulico
horizontal como vertical, de forma a minimizar as concentrações desses poluentes em corpos hídricos. A
possibilidade de aplicação de sistemas naturais de tratamento de esgotos que possam remover poluentes
emergentes biologicamente coloca os WC em destaque em comparação com outras tecnologias, em especial
no Brasil, onde ainda não foi explorado todo o seu potencial nos municípios e pequenas comunidades.
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